O Presidente Donald Trump suspendeu o programa de vistos que permitiu a entrada nos Estados Unidos do português suspeito de matar o físico Nuno Loureiro e outras duas pessoas na Universidade Brown, em ataques separados.
A secretária da Segurança Interna, Kristi Noem, afirmou na quinta-feira que, a pedido de Trump, ordenou ao Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (EUA) que suspendesse o programa.
“Este indivíduo hediondo nunca deveria ter tido permissão para entrar no nosso país”, disse Noem, na rede social X, sobre o suspeito, o português Cláudio Neves Valente, de 48 anos.
Valente, ex-aluno da Brown, foi encontrado morto na noite de quinta-feira com um ferimento de bala autoinfligido, anunciou o chefe de polícia de Providence, no estado norte-americano de Rhode Island, Oscar Perez, em conferência de imprensa. Perez disse que, segundo a investigação, o suspeito terá agido sozinho.
O português obteve o estatuto de residente permanente legal nos EUA em 2017, afirmou a procuradora federal de Massachusetts, Leah B. Foley.
O programa de vistos, conhecido como ‘green cards’ ou ‘cartões verdes’, disponibiliza anualmente até 50 mil vistos, através de sorteio, a pessoas de países pouco representados nos Estados Unidos, muitos deles em África.
Há muito que Trump se opõe a este programa e ao sorteio, que foi criado pelo parlamento norte-americano.
Quase 20 milhões de pessoas inscreveram-se no sorteio de 2025, tendo sido selecionadas mais de 131 mil, incluindo cônjuges.
Após serem sorteados, devem passar por uma verificação para poderem entrar nos Estados Unidos, que inclui uma entrevista em consulados e os mesmo requisitos que os restantes candidatos a vistos.
Os cidadãos portugueses ganharam apenas 38 vagas no ano passado.
Os investigadores acreditam que Valente é responsável pelo ataque na Universidade Brown e pelo assassínio do professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), o português Nuno Loureiro, morto a tiro em casa, em Brookline, na segunda-feira, de acordo com Leah B. Foley.
Duas pessoas morreram e nove ficaram feridas no ataque a tiro, ocorrido no sábado, na Universidade Brown. A investigação mudou de rumo na quinta-feira, quando as autoridades disseram que estavam a investigar uma possível ligação entre o ataque em Brown e a morte de Nuno Loureiro, de 47 anos.
A presidente da Universidade Brown, Christina Paxson, disse que Valente esteve matriculado na instituição entre 2000 e 2001, tendo sido admitido na pós-graduação para estudar Física a partir de setembro de 2000. “Não tem nenhum vínculo atual com a universidade”, acrescentou.
Valente e Loureiro frequentaram o mesmo programa académico numa universidade em Portugal, entre 1995 e 2000, acrescentou Foley.
Loureiro, que cresceu em Viseu, formou-se e fez investigação no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
Uma segunda pessoa, identificada como próxima do suspeito, apresentou-se após a conferência de imprensa de quarta-feira e ajudou “a desvendar” o caso, declarou procurador-geral de Rhode Island, Peter Neronha.