O Facebook comunicou, hoje, o bloqueio dos seus serviços em Myanmar, três dias depois de os militares terem conduzido um golpe de Estado.
"Constatamos que o acesso ao Facebook está atualmente interrompido para determinadas pessoas", afirmou um porta-voz da empresa às agências de notícias France-Presse (AFP) e Efe.
De acordo com esta fonte, os operadores de telecomunicações no país "receberam a ordem para bloquear" aquela rede social.
"Instamos as autoridades a restabelecer a conexão, de modo a que os habitantes possam comunicar com as suas famílias e amigos e aceder a informações importantes", apelou.
Na antiga Birmânia, o Facebook é uma das ferramentas de comunicação mais usada, inclusivamente por e por ministérios para publicar comunicados, e tem sido usada nos últimos dias para organizar ações de desobediência civil, incluindo protestos ao som de buzinas e panelas e a paralisação de médicos e pessoal de saúde.
A organização não-governamental (ONG) NetBlocks, que denuncia restrições à internet em todo o mundo, confirmou na rede social Twitter que vários fornecedores em Myanmar estão a bloquear ou restringir o acesso ao Facebook, Instagram e WhatsApp, "com os operadores a aceitarem uma aparente ordem de bloqueio".
De acordo com a ONG, o fornecedor de internet MPT, propriedade do Estado, é responsável pela maioria dos bloqueios, recorrendo a "filtros seletivos".
Em comunicado, a Telenor, com sede na Noruega, confirmou que o Ministério de Transportes e Comunicações, controlado pelos militares, solicitou a "todos os operadores de telefone móvel e internet" que bloqueiem o Facebook.
"Apesar de a ordem ter base jurídica na legislação de Myanmar, a Telenor não acredita que o pedido se baseie na necessidade e proporcionalidade, em conformidade com o direito internacional dos direitos humanos", esclareceu a empresa.
Recorde-se que o Exército de Myanmar declarou na segunda-feira o estado de emergência e assumiu o controlo do país durante um ano, após a detenção de Aung San Suu Kyi, do Presidente do país, Win Myint, e de outros líderes governamentais.