O Rei Carlos III iniciou um “processo formal” para retirar os títulos do irmão, príncipe André, que passará a ser tratado como André Mountbatten Windsor, foi hoje anunciado oficialmente.
Um comunicado emitido pelo Palácio de Buckingham, a residência oficial do Rei britânico, avançou que o monarca “iniciou hoje um processo formal para retirar o estatuto, os títulos e as condecorações do príncipe André”.
Em causa estão os títulos de príncipe, Duque de York, Conde de Inverness, Barão Killyleagh e o estatuto de Sua Alteza Real, além de condecorações como a Grã-Cruz da Ordem Vitoriana.
No entanto, esta medida não afeta as filhas do irmão de Carlos III, as princesas Beatrice e Eugenie, que mantêm os seus títulos.
O processo de remoção dos títulos será efetuado através de mandados reais ao Lorde Chanceler, que é ministro da Justiça, evitando a necessidade de debater e aprovar legislação no parlamento.
O irmão do Rei já tinha renunciado voluntariamente, há duas semanas, ao uso dos seus títulos.
Esta situação foi desencadeada pelos relatos de amizade com o magnata norte-americano Jeffrey Epstein, que foi condenado por crimes sexuais contra menores, e pelas alegações feitas pela norte-americana Virginia Giuffre de que foi forçada a ter relações sexuais com André quando tinha 17 anos.
Estes casos enfraqueceram a posição de André junto da opinião pública britânica.
No comunicado, é também anunciado que o contrato de arrendamento na mansão que ocupa na propriedade do Castelo de Windsor será revogado e que irá mudar-se “para um alojamento privado alternativo”.
“Estas repreensões são consideradas necessárias, apesar de ele [André] continuar a negar as acusações”, referiu a nota informativa.
“Suas Majestades desejam deixar claro que os seus pensamentos e a sua mais profunda solidariedade têm estado, e continuarão a estar, com as vítimas e sobreviventes de todas e quaisquer formas de abuso”, sublinhou ainda o comunicado.
André enfrenta uma nova onda de repúdio público depois de terem sido divulgados no início deste mês emails que revelam que manteve contacto com Epstein durante mais tempo do que tinha admitido anteriormente.
A notícia foi seguida pela publicação de uma biografia póstuma de Virginia Giuffre.
No livro, a mulher detalhou três supostos encontros sexuais com André, durante os quais o príncipe terá agido como se acreditasse que ter relações sexuais como ela “era seu direito de nascença”.
Apesar de existir uma fotografia onde aparece abraçado a Giuffre, André, 65 anos, negou sempre as alegações mas renunciou às suas responsabilidades enquanto membro da família real depois de uma entrevista à estação pública BBC em novembro de 2019, na qual tentou refutar as alegações.
André pagou milhões num acordo extrajudicial em 2022, depois de Giuffre ter iniciado com uma ação civil contra ele em Nova Iorque.
Embora não tenha admitido qualquer irregularidade, André reconheceu o sofrimento de Giuffre como vítima de tráfico sexual.
Virginia Giuffre suicidou-se em abril, aos 41 anos.