MADEIRA Meteorologia

Presidente do Nepal pede contenção após protestos violentos

Data de publicação
09 Setembro 2025
16:47

O Presidente do Nepal pediu hoje unidade nacional após dois dias de violentos protestos, sobretudo contra o bloqueio das redes sociais e a corrupção, que fizeram 19 mortos e levaram à demissão do primeiro-ministro.

“Exorto todos, incluindo os manifestantes, a cooperarem para uma resolução pacífica da difícil situação do país”, declarou o Presidente nepalês, Ramchandra Paudel, num comunicado, depois de manifestantes terem incendiado o parlamento e o seu gabinete.

“Apelo a todas as partes para que deem provas de contenção, não causem mais danos ao país e iniciem negociações”, acrescentou.

Os protestos na capital nepalesa começaram na segunda-feira, liderados por jovens contra a proibição de 26 plataformas de redes sociais, entre elas Facebook, Instagram, Whatsapp e X, anunciada a 04 de setembro pelo Governo.

A proibição resultou de uma decisão do executivo nepalês exigindo que todas as plataformas se registassem num prazo de sete dias, nos termos da “Diretiva sobre a Regulação do Uso das Redes Sociais, 2023”, que obrigava as empresas a obter uma licença em três meses, renová-la a cada três anos e designar um representante no Nepal.

Como a maioria das empresas não cumpriu o prazo, o Ministério da Comunicação ordenou o bloqueio dos serviços e instruiu os fornecedores de Internet a aplicar a proibição.

O impacto foi imediato, num país onde as redes sociais concentram quase 80% do tráfego da Internet. Segundo dados oficiais, o Nepal tem 2,97 milhões de assinantes de Internet.

Em janeiro de 2024, havia 13,5 milhões de utilizadores ativos no Facebook, 10,8 milhões no Messenger, 3,6 milhões no Instagram, 1,5 milhões no LinkedIn e 466.000 na X.

Nas últimas semanas, tornou-se viral no TikTok, Reddit e outras plataformas digitais a campanha “Nepo Kid”, criticando os filhos de políticos e empresários por exibirem carros de luxo, estudos no estrangeiro ou férias caras, supostamente pagos com dinheiro obtido da corrupção.

O termo, que vem de nepotismo, reflete a frustração generalizada dos jovens nepaleses em relação a uma classe dominante considerada corrupta e irresponsável, que acede ao poder por privilégios e laços familiares e não pelo mérito.

Os líderes dos três principais partidos, o Congresso Nepalês, o CPN-UML e o CPN (Centro Maoísta), foram associados a escândalos como fraude a refugiados butaneses, casos de usurpação de terras e contrabando de ouro e até um caso, descoberto em julho, de uma rede que enganava cidadãos com viagens a Espanha sob o falso pretexto de assistirem a uma conferência da ONU.

Para os manifestantes, tudo isto simboliza um sistema político fechado, de líderes que se alternam no poder há décadas, sem mudanças reais para a população, a que chamam “dança das cadeiras”.

O veto digital foi apenas a faísca final, após anos de frustração com a estagnação económica, o desemprego e a desigualdade, com um rendimento ‘per capita’ de cerca de 1.300 dólares e quase 7,5% da população a trabalhar no estrangeiro.

O que na segunda-feira começou como uma manifestação pacífica de milhares de jovens junto ao parlamento nepalês, em Katmandu, tornou-se violento quando as autoridades responderam com repressão à invasão de algumas barricadas policiais por alguns manifestantes.

“A polícia usou força excessiva: dispararam sobre a cabeça, o coração e o estômago”, denunciou o manifestante Prakash Thami, hospitalizado com ferimentos.

A Amnistia Internacional condenou as mortes, classificando-as como violações do direito internacional, e a ONU exigiu uma investigação urgente e transparente.

O primeiro-ministro, Khadga Prasad Oli, defendeu a proibição das redes sociais e acusou os manifestantes de serem “anarquistas”, mas logo se viu encurralado: cinco ministros demitiram-se em protesto contra a repressão dos protestos.

A pressão política e social acabou por levar à demissão do próprio Oli, incapaz de conter uma revolta que tornou os jovens protagonistas de um movimento sem precedentes no Nepal.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Enfermeira especialista em reabilitação e mestranda em Gestão de Empresas
11/12/2025 08:00

O inverno chega e com ele, a pressão sobre os pulmões e sobre o sistema de saúde. As infeções respiratórias agravam-se: gripe, bronquiolites, crises asmáticas...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda com a entrega do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas