Os Estados Unidos vão abrir um centro de detenção com capacidade para até 5.000 imigrantes, na base militar de Fort Bliss, perto da fronteira com o México, anunciou na quinta-feira o Departamento de Defesa.
A chegada de imigrantes do México levou o Presidente republicano a declarar “estado de emergência” na fronteira sul do país, na sua prioridade de combater a imigração ilegal no seu segundo mandato.
“Desde meados de julho, começámos a trabalhar na criação de um centro de detenção em Fort Bliss. Desde então, os trabalhos começaram com uma capacidade inicial de mil imigrantes [em situação ilegal]. Esta capacidade será provavelmente atingida em meados ou no final de agosto”, explicou a porta-voz do Pentágono, Kingsley Wilson.
“Concluiremos a construção de 5.000 camas nas próximas semanas e meses”, acrescentou.
As condições de detenção nos centros de imigrantes dos EUA são preocupantes. A Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório em julho alertando para “práticas abusivas” em três centros de detenção da Florida.
A organização não-governamental (ONG) descreveu celas sobrelotadas, mergulhadas num frio gelado, e migrantes a dormir no chão sob luzes fluorescentes constantemente acesas, privados de higiene básica.
No início deste ano, a administração Trump já tinha anunciado planos para um centro de detenção para 30 mil imigrantes numa base militar na Baía de Guantánamo, um enclave norte-americano localizado na ilha de Cuba.
Esta meta ainda está longe de ser alcançada. Segundo dados analisados pela agência France-Presse (AFP), em média, apenas 22 pessoas por dia foram detidas no local em junho.
Ainda sobre a política migratória, Donald Trump exigiu na quinta-feira que o próximo censo exclua “pessoas presentes ilegalmente” nos Estados Unidos, numa altura em que a Casa Branca pressiona muitas autoridades locais para reorganizar o mapa eleitoral a favor dos republicanos.
A Constituição dos EUA exige que seja realizado um censo a cada dez anos, contando “todas as pessoas em cada Estado”, incluindo os imigrantes indocumentados.
O próximo censo está previsto para 2030, mas os preparativos para esta tarefa colossal num país com mais de 340 milhões de habitantes já começaram.
“Determinei que o nosso Departamento do Comércio começasse imediatamente a trabalhar num novo censo altamente preciso, baseado em factos e números atuais (...). As pessoas que estão no nosso país ilegalmente NÃO SERÃO CONTADAS NO CENSO”, escreveu o presidente dos EUA na sua plataforma de rede social, a Truth Social.
Donald Trump fez este pedido porque o censo é utilizado, entre outras coisas, para determinar o número de membros do Colégio Eleitoral, Estado a Estado, para a eleição presidencial, mas também para determinar o número de representantes eleitos para o Congresso por estado.
O Pew Research Center estimou em 2020 que, ao retirar os imigrantes indocumentados do censo dos EUA, a Califórnia, o Texas e a Florida perderiam um lugar no Congresso cada um.
Algumas figuras conservadoras pediram na quinta-feira que não se esperasse até 2030 e que se realizasse um novo censo o mais rapidamente possível.
Donald Trump já tinha tentado, durante o seu primeiro mandato, alterar as regras estabelecidas, incluindo uma pergunta sobre a cidadania nos documentos do censo.
Mas esta medida foi rejeitada pelo Supremo Tribunal, sem que este se pronunciasse sobre o mérito da questão da presença de imigrantes em situação ilegal no recenseamento.