O Governo venezuelano anunciou esta quinta-feira que os Estados Unidos decidiram suspender “unilateralmente” o voo de deportação de cidadãos venezuelanos que estava previsto para hoje.
Apesar de as autoridades norte-americanas avisado as companhias aéreas internacionais contra o risco de sobrevoarem a Venezuela, devido ao importante destacamento naval dos Estados Unidos junto à costa venezuelana nas Caraíbas e no Pacífico Sul, o que provocou o cancelamento generalizado de ligações internacionais de e para Caracas, os voos de deportação dos Estados Unidos para a Venezuela mantiveram regulares até ao momento.
O espaço aéreo sob a responsabilidade da Venezuela cobre 1,2 milhões de quilómetros quadrados, que inclui uma grande área marítima muito próxima da zona no mar das Caraíbas para onde em agosto foi destacada uma importante frota da marinha de guerra dos Estados Unidos, que inclui o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, para combater, segundo o Presidente norte-americano, Donald Trump, o tráfico de droga.
Em 21 de novembro, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) recomendou “extrema cautela” ao sobrevoar a Venezuela e o sul das Caraíbas devido ao que considera “uma situação potencialmente perigosa” na região.
Várias companhias aéreas, incluindo a TAP, suspenderam então os seus voos para aquele país.
Trump afirmou no início do mês que as operações militares em torno da Venezuela vão “muito além” de uma campanha de pressão contra o homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, e insistiu que “em breve” poderão começar operações em terra semelhantes às que têm sido realizadas em águas internacionais contra embarcações, supostamente carregadas de drogas.
Maduro tem contraposto que o verdadeiro objetivo de Trump com as manobras militares é derrubá-lo e apoderar-se do petróleo do país, um argumento ao qual voltou esta quinta-feira, depois das forças armadas norte-americanas terem intercetado e confiscado um petroleiro junto às águas do país sul-americano.
“Por isso digo que ontem [quarta-feira] a máscara deles caiu (...) é o petróleo que querem roubar, e a Venezuela defenderá a sua soberania sobre os seus recursos naturais e voltaremos a triunfar”, disse Maduro na quinta-feira.
Os Estados Unidos bombardearam desde setembro até agora mais de duas dezenas embarcações de alegados narcotraficantes, com um saldo de mais de 85 mortos.