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Ivone Martins revela na MadIT 2025 o lado bom dos vírus no combate à doença de Alzheimer

Data de publicação
31 Outubro 2025
16:46

A investigadora Ivone Martins, especialista em biotecnologia, microbiologia e genética moleculares, marcou presença esta sexta-feira na MadIT 2025 – Madeira Innovation Talks, a decorrer no Centro de Congressos da Madeira, para apresentar uma perspetiva surpreendente: “Nem todos os vírus são maus.” A convidada explicou como bacteriófagos, vírus que infetam bactérias, podem ser aliados na deteção precoce e no tratamento da doença de Alzheimer.

Com uma carreira enformada pela curiosidade e pelo questionamento científico, Ivone Martins é licenciada em Engenharia Biotecnológica e doutorada em Microbiologia e Genética Molecular pela Universidade de Salamanca. Há mais de 14 anos ligada à Universidade do Minho, tem-se dedicado à bioengenharia de vírus de bactérias para desenvolver ferramentas de diagnóstico precoce e terapias direcionadas.

Durante a sua intervenção, partilhou o percurso que a levou das investigações em medicina regenerativa com tecidos biomiméticos aos atuais estudos sobre o Alzheimer. A investigadora lidera dois projetos de grande impacto: EARLY, centrado na deteção da doença antes da manifestação de sintomas, e HÉRCULES, dedicado ao tratamento. Ambos já foram premiados por diversas entidades, tendo o projeto HÉRCULES recebido recentemente o prémio atribuído pela farmacêutica internacional Zendal.

Alertando que o Alzheimer poderá afetar 100 milhões de pessoas até 2050, um novo caso a cada minuto, Ivone Martins destacou que o diagnóstico atual é tardio e, quase sempre, irreversível, baseado sobretudo em sintomas. Daí a urgência em desenvolver ferramentas de deteção precoce, numa fase em que a doença é ainda assintomática, bem como novas terapias direcionadas.

A resposta, explicou, poderá estar nos bacteriófagos – vírus inócuos para o ser humano e presentes na natureza, inclusive na microbiota intestinal. A sua versatilidade e fácil manipulação genética e química permitem transformá-los em veículos de transporte molecular, capazes de atuar tanto na deteção precoce como na terapia direcionada.

Os fagos geneticamente modificados AB30-39 e AB33-42, criados pela equipa de Ivone Martins, permitem identificar proteínas tóxicas associadas ao Alzheimer e, surpreendentemente, mostram reduzir o impacto da degeneração cerebral, melhorando a função cognitiva e a memória em testes laboratoriais. Estes resultados abriram caminho ao projeto HÉRCULES, que explora a aplicação terapêutica dos bacteriófagos.

A investigadora recordou ainda que a terapia fágica foi recentemente aprovada em Portugal, estando um laboratório no Minho a desenvolver a tecnologia. Numa era de crescente resistência bacteriana aos antibióticos, os bacteriófagos representam uma nova linha de defesa contra infeções super-resistentes e um promissor instrumento da medicina personalizada.

O objetivo final de Ivone Martins é transferir a tecnologia desenvolvida no meio académico para a prática clínica, tornando possível que estas soluções cheguem a quem mais precisa.

Organizada pela Região Madeira da Ordem dos Engenheiros, com o apoio institucional da Ordem dos Engenheiros a nível nacional, a MadIT 2025 pretende reforçar a intervenção da engenharia na sociedade e contribuir para a construção de uma “Comunidade do Conhecimento e da Inovação”.

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