A Câmara Municipal de Santa Cruz apresenta no próximo dia 2 de novembro, quinta-feira, pelas 17 horas, numa sessão pública o trabalho que está a ser desenvolvido para o Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial da Romagem de São Pedro da Paróquia da Lombada de Santa Cruz.
Esta apresentação do trabalho em parceira com a DRC decorre no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
A edilidade já tinha submetido, em 2018, à DGPC (Direcção Geral do Património Cultural) esta manifestação religiosa e cultural sendo a única manifestação do Património Imaterial da Madeira a estar inscrita no inventário nacional. Agora estamos a elaborar todo o minucioso processo para a classificação desta peculiar romagem de índole religiosa e profana.
A Romagem do Senhor São Pedro, da Paróquia da Lombada em Santa Cruz, realiza-se todos os anos a 28 de junho. Com início no Caminho da Lombada, no sítio da Fonte dos Almocreves, e fim no adro da Capela de São Pedro, junto ao mar, no fim a íngreme rua, que desce da serra ao mar, na linha de festo da montanha. Este percurso de sensivelmente quatro quilómetros, de declive acentuado, junta um grupo de festeiros e da população que em tom de festa e agradecimento traz até ao Santo as suas oferendas.
Confira a descrição da Romagem de São Pedro, pelo coordenador da Casa da Cultura de Santa Cruz, Emanuel Gaspar:
"A romagem começa com a reunião dos festeiros, dos Grupos Folclóricos, da Banda Municipal de Santa Cruz e da população no alto do sítio da Fonte dos Almocreves, do Caminho da Lombada, pelas 18.00 h. Os grupos folclóricos improvisados iniciam as suas atuações convidando a população a entrar nos festejos. Os foguetes são lançados anunciando o início da descida e ao longo de todo o percurso anunciando a passagem.
O percurso de quatro quilómetros da Romagem de São Pedro inicia-se com os Festeiros na frente, seguidos pelo Sr. Pároco, as Entidades governamentais, a Banda Municipal de Santa Cruz, os Grupos Folclóricos e o grupo de populares do sítio da Fonte dos Almocreves e Eiras Velhas que se fazem acompanhar por um barco com respectivas oferendas à São Pedro. Os grupos Folclóricos e a Banda Municipal vão tocando e dançando durante o percurso todo.
Os barcos vêm recheados com produtos da terra, artesanais e oferendas em dinheiro. No final da festa é realizado um leilão com as oferendas trazidas pela população. O dinheiro angariado destina-se a ajudar a realização da festa de São Pedro. Ao longo da descida os grupos vão-se juntando à Romagem, seguindo-se o seguinte ritual: A banda toca o hino da banda Municipal de Santa Cruz, em sinal de boas vindas, e cada novo grupo de cada sítio vai-se juntando aos grupos que já se encontram em Romagem.
A descida continua por entre os campos cultivados de "macela" e os aglomerados de moradias com os moradores por entre janelas e balcões que se debruçam para ver a Romagem a passar. Cada "novo" grupo entra na Romagem logo após a Banda Municipal de Santa Cruz. São notáveis os arranjos dos "andores" com as ofertas: pão, "semilhas", feijão, animais vivos, etc, um pouco de tudo o que a terra dá, é oferecido ao Santo. Os grupos trazem toalhas de bordado madeira e redes adornadas com dinheiro, barcos, bolos, pão, vinho e até uns característicos bonés de vilão feitos por uma artesã do sítio. As charolas com produtos agrícolas, a peculiar e curiosa réplica da capela de S. Pedro e o avião feitos com ovos são características do sítio Palmeira. São elaboradas com ovos, batatas, cebolas e feijão.
Chegados à capela de São Pedro por volta das 20.30 da noite, as ofertas são entregues no bazar para posteriormente serem leiloadas no Bazar dos Festeiros/Festeiras e as oferendas em dinheiro recolhidas. Na capela segue-se a Novena e a Eucaristia em honra do Santo, enquanto que nas imediações a população percorre as barraquinhas com os comes e bebes. A festa dedicada a São Pedro prolonga-se pelos dias seguintes. "