O presidente da Conferência Episcopal Portugal (CEP), José Ornelas, apresentou o projeto Grupo VITA que tem a missão de "acompanhar e prevenir as situações de abuso sexual", após as conclusões da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica.
"A comissão surge na sequência do que foi antes realizado, a começar com a constituição da comissão independente, que surge com o caminho da Igreja em todo o mundo sobre abusos sexuais", começou por dizer José Ornelas, no início da apresentação, em Lisboa.
O bispo de Leiria-Fátima afirma que é "necessário organizar" um grupo com "competências suficientes" para tratar deste assunto, uma vez que as conclusões do relatório da Comissão Independente "causaram muito impacto".
"A começar por nós e por conhecer realidade dramática que constituem estes abusos que causaram no ponto de vista das vítimas. A nossa primeira preocupação era saber quem são e a [sua] realidade. Saber como aconteceu e quais os caminhos que se impõem para tratar bem os casos que venham a acontecer, mas sobretudo prever, formar e criar competências dentro da igreja para que possamos ter o mais possível uma atitude que nos leve a prevenir e a tratar esta questão", afirmou.
A constituição deste grupo vai ser articulada com o seio da Igreja e estará em funções durante três anos. Está ainda prevista a criação de um manual de prevenção.
A criação do Grupo VITA surge na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.
Como consequência, algumas dioceses decidiram afastar cautelarmente do ministério alguns padres, enquanto decorrem os respetivos processos.
Daniel Faria