O Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) aponta para uma adesão “bastante forte” à greve convocada por este organismo sindical, com serviços no Hospital dr. Nélio Mendonça nos 100%. Evaristo Faria, dirigente sindical do Sindepor na Região, disse ao JM que “serviços de grande impacto”, como as Urgências e os Cuidados Intensivos estão com paralisação a 100%, e que o bloco operatório está com uma taxa significativa, para além de haver dados ainda por apurar ao nível dos centros de saúde. Tirando os serviços mínimos, os serviços estão muito condicionados, aditou ainda. Serão centenas de enfermeiros a fazer greve, apontou.
O sindicalista sublinhou que, para além dos motivos que levaram à greve geral do dia de ontem, com o pacote laboral a preocupar, na Madeira, os profissionais de enfermagem estão descontentes com “uma panóplia de problemas”, apesar de reconhecer os avanços dados pela anterior secretaria regional de Saúde, liderada por Pedro Ramos.
Explicando que já foi mantida uma reunião com a atual responsável, Micaela Freitas, não tem havido novos avanços. Em concreto, das preocupações da classe na Região, Evaristo Faria disse que entre os dossiês pendentes, há compromissos assumidos pela anterior tutela e ainda por concretizar relativamente à atribuição de pontos para o biénio de 2023 e 2024. “Já estamos em 2025, quase em 2026 e precisamos de uma resposta relativamente a essa situação”. A isto soma-se a situação de “cerca de 120 enfermeiros que estão em reserva de recrutamento do último concurso e que ainda não entraram”, além dos concursos de especialistas e de gestores pendentes.
Outro tema sensível é o das progressões, com uma disparidade significativa entre colegas nos mesmos escalões. A pressão laboral também se intensifica com falta de profissionais, recurso constante a horas extraordinárias e incumprimento de normas essenciais. “O respeito das 11 horas entre turnos não está a ser garantido, o que está a sobrecarregar os profissionais”, alertou Evaristo Faria, apontando ainda a ausência do sistema de avaliação.
Perante esta “panóplia de problemas”, Evaristo Faria reforçou que, “não esquecemos o que já foi feito de bom anteriormente, mas temos de dar continuidade a esse trabalho” com a tutela.
Saliente-se que, a nível nacional, o Sindepor enviou um comunicado informando que “temos indicadores seguros e suficientes para garantir uma fortíssima adesão por parte das enfermeiras e enfermeiros do sector público. A lógica dos números é para já precoce, pois uma greve de enfermagem, em todo o território nacional, obriga a uma avaliação mais apurada.
O que é certo é que em todo o País muitos milhares de enfermeiros estão em greve, inclusive nos seus locais de trabalho, a cumprir serviços mínimos, que pela força das circunstâncias e da legislação que nos é imposta, em muitos casos correspondem a máximos que funcionam nos dias normais de atividade”.