A concentração realizada esta quinta-feira, no âmbito da greve geral, reuniu centenas de trabalhadores na Madeira, uma adesão que Maria José Afonseca, dirigente sindical, considera pouco habitual na Região, mas reveladora da “profunda preocupação com o retrocesso dos direitos laborais” previsto no pacote legislativo em discussão.
Segundo a sindicalista, estão envolvidos dez sindicatos de vários setores, com muitos trabalhadores a aderirem mesmo sem estarem presentes na manifestação. “Há muitos que não estão aqui, mas estão a fazer greve. Alguns começaram ainda durante a noite”, afirmou, sublinhando que, em vários locais, a adesão “superou expectativas”.
Maria José Afonseca destaca que os trabalhadores reconhecem a importância do momento e “a necessidade de intervir e dar voz à luta”, tanto aqueles que já viveram períodos de perda de direitos no passado, como os que antecipam impactos negativos caso o pacote laboral avance. A dirigente afirma que o objetivo é claro: “A nossa luta é que o diploma não chegue sequer à Assembleia”, embora admita que, se lá chegar, “é muito provável que seja aprovado”.
Entre os aderentes, há trabalhadores de setores tradicionalmente associados a serviços mínimos, como vigilantes e trabalhadores portuários, cuja participação surpreendeu pela dimensão. Questionada sobre se esta mobilização poderá travar o pacote laboral, Maria José Fonseca afirma esperar que o Governo regional, PSD/CDS, “tenha vergonha”. Reforça ainda a posição da CGTP, segundo a qual o pacote “não tem nada de bom para os trabalhadores” e deve, por isso, ser retirado.