Um evento destes, além de todo o conhecimento que nos transmitem na escola, também nos traz sentido ao "empenho, dedicação, amor à camisola". Testemunhei, em tempos, que a Cerimónia de abertura do Desporto Escolar pode realmente desempenhar um papel fundamental na prática desportiva dos nossos jovens (e menos jovens, que também participam), considerando o número de Escolas e Centros de Atividades Ocupacionais que desfilaram orgulhosamente ao longo daquelas quatro linhas.

Dois mil participantes, dos mais pequenos aos mais graúdos, todos, sem exceção, participam nesta celebração. Quer dizer, participavam. Pelo que vi este ano, a festa mudou de formato. É mais pequena, numa localização diferente.

Não é só mais pequena em formato, mas mais pequena na sua mensagem, na sua relevância. A minha filha disse-me, com 7 anos, que o seu sonho era poder ir à Cerimónia de abertura do Desporto Escolar. Como ela estarão, certamente, muitas mais crianças, que ouvem falar na "grande festa do desporto escolar" e que ficam com vontade de participar. A verdade é esta: este evento motiva os nossos alunos a trabalhar para serem os melhores, para serem os escolhidos da turma, para representarem as suas escolas. Este novo formato limitou o acesso de todos a um evento que era de todos os alunos, mas agora já é só de alguns. E é por demais evidente, sejamos ou não da área, que o Desporto Escolar só poderá cumprir a sua função social, cultural, educativa e inclusiva, se mantiver relações de cooperação devidamente articuladas com o sistema educativo e com a sociedade civil, e se voltar a apostar no formato de "grande festa do Desporto Escolar".

Não escrevo como crítica, mas como apelo. Apelo aos decisores políticos que procurem uma alternativa ao formato atual. Uma alternativa que não passe por centralizar esta festa no Funchal. Temos estádios de futebol suficientes para apresentarmos uma alternativa que não coloque em causa o espírito desta celebração. E teremos, certamente, vários clubes interessados em ser anfitriões da "maior festa do desporto regional".

Porque não considerar a realização da Festa do Desporto num formato de rotatividade pelos Concelhos da ilha, onde poderíamos celebrar o Desporto num concelho diferente a cada ano? Não seria mais justo para todos? Não seria uma alternativa viável? No fundo, não é a localização da Cerimónia de abertura que está em causa, mas é, de facto, o espírito deste evento que está em risco. É ali que começa o saber encarar a vitória com modéstia e a derrota com serenidade - a vitória de amanhã é a recompensa da determinação de hoje. Se mudamos este paradigma para algo com pouca relevância, que jovens teremos a liderar o amanhã? Quando assisti à Cerimónia de Abertura do Desporto Escolar, o lema era "Faça mais". Se calhar é isso que falta: que se faça mais pelo desporto escolar. Porque as atitudes têm mais poder do que as palavras. E as decisões políticas têm consequências no dia-a-dia das nossas crianças.