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Artigo de Opinião

Antropóloga / Investigadora

30/01/2023 08:00

Entre os crimes mais cruéis entre a humanidade, acredito que o pior terá sido o Holocausto. Foi há 78 anos que o mundo conheceu um dos mais terríveis símbolos do nazismo. Tudo começou com o ódio e com a intolerância à diferença. Guiados por uma ideologia racista, os nazis perseguiram milhões de pessoas por consideravam serem de "raça inferior", querendo, consciente e determinadamente, exterminar. Milhares de prisioneiros foram destinados às maiores atrocidades. Motivo? Por serem diferentes, ou melhor, por existirem. Mais de um milhão de pessoas foram assassinadas no Auschwitz: homens, mulheres e crianças… judeus, ciganos, deficientes, homossexuais, comunistas, democratas, antifascistas e tantos outros que morreram em consequência do trabalho escravo, das torturas, da fome, do frio, das doenças, das experiências macabras, mortos em câmaras de gás ou queimados nos fornos crematórios e enterrados em valas. Foi no final de janeiro de 1945, no dia 27, que o exército soviético libertou o campo de Concentração e Extermínio Nazista Alemão de Auschwitz.

Entre as várias histórias contadas por alguns sobreviventes do nazismo, existe a mais emblemática, a da menina Anne Frank. Jovem judia, escondida num sótão com os seus familiares, privada da liberdade, escreveu no seu diário o período em que sobreviveu à perseguição Nazi, entre 1941 e 1945. Descoberta pelos nazis, morreu com apenas 15 anos num campo de concentração. É comovente ler este escrito e ver como uma criança, em plena segunda Guerra Mundial, ainda acreditava na bondade, no bom coração das pessoas e com fé e esperança de que o dia de amanhã seria melhor. Nas suas páginas, escreveu: "É difícil em tempos como estes: ideais, sonhos e esperanças permanecerem dentro de nós, sendo esmagados pela dura realidade. É um milagre eu não ter abandonado todos os meus ideais, eles parecem tão absurdos e impraticáveis. No entanto, eu me apego a eles, porque eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são realmente boas de coração."

Certamente um verdadeiro testemunho de resiliência e esperança que continua a ser uma inspiração até aos dias de hoje!

É importante lembrar para não esquecer. É importante recordar. É importante incentivar a educação sobre o Holocausto para que as futuras gerações não se deixem levar pela ignorância, pela violência, pelo racismo e pela discriminação. Se pensarmos bem, o Holocausto não aconteceu há tanto tempo assim. Se olharmos para a nossa história numa perspetiva universal, o Holocausto ocorreu a um milésimo de segundo atrás no calendário cósmico. Preservar a memória sobre um dos mais sombrios episódios do século XX será a melhor forma de consciencializar para a necessidade de combater as ideologias da discriminação e do ódio.

78 anos depois, coloco a questão: o que é que aprendemos?! Pensamos que crescemos, que saímos da escuridão e da ignorância, mas ainda há vestígios da barbaridade que se viveu naquele tempo. A violação dos direitos mais básicos, o racismo, a discriminação, a perseguição das minorias, a aniquilação de comunidades nacionais, étnicas ou religiosas, em suma, a desumanização do outro é uma prática corrente no mundo de hoje, perante a qual muitos de nós já são demasiado complacentes. Vemos isso constantemente no nosso dia a dia. E é preciso evitar. Para isso, é preciso dizer NÃO a qualquer discurso e qualquer ação que desumanize ou discrimine seja quem for.

E aqui finalizo com uma frase de Anne Frank: "O que é feito não pode ser desfeito, mas podemos prevenir que aconteça novamente."

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