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Artigo de Opinião

Diretor

25/06/2022 08:05

E ainda dizem. Dizem perante os aumentos constantes de preços de bens de primeira necessidade e dos outros também. Agravamentos que chegam a dentro sem que se perceba por que razão.

Se se entende o aumento dos combustíveis e de outros produtos explicados pela invasão da Rússia à Ucrânia, já outros bens parece que sobem de preço apenas porque está na moda.

Esta escalada vai do gasóleo ao supermercado, do restaurante à sapataria, do papel às roupas, das rações aos fertilizantes, da fruta ao pão.

A esmagadora maioria dos consumidores não percebe a razão destes aumentos repentinos ao longo dos últimos meses, mas sabe que uma ida às compras significa, hoje, trazer muito menos produtos por muito mais dinheiro.

Os governos explicam, os empresários justificam, mas isso não atenua o esforço dos contribuintes.

São eles que pagam.

São eles que suportam esses aumentos.

São eles que carregam o País.

E quem carrega é que sente o peso.

A mesma metáfora pode ser aplicada perante a situação de pandemia. Depois de dois anos de clausura, de longos meses de máscara posta e álcool-gel várias vezes ao dia, agora tudo isso parece dispensável.

As autoridades dão o exemplo nas liberdades. São os primeiros nos ajuntamentos e nos apertos de mão.

O número de infetados volta a aumentar. O número de mortos com covid sobe para médias nunca vistas. Mas quem manda diz que está tudo controlado. Que a covid-19 passou a ser uma doença quase banal.

A frase é interessante, dá confiança e alento ao povo. Mas não bate certo para quem sente sintomas, nem perante as centenas de infetados e muito menos para os familiares de dezenas de pessoas que morreram com o vírus.

E são essas pessoas que sentem a falta.

Que experimentam o vazio.

Que carregam o fardo da perda.

E quem carrega é que sente o peso.

Entretanto, a Região experimenta outro paradoxo: tem, ao mesmo tempo, falta de trabalhadores e desempregados a rodos.

Parece estranho, mas é o que temos. Esta falta de um lado e sobra do outro tem várias explicações. A mais comummente aceite entre os próprios desempregados, sindicatos e alguns políticos é a que responsabiliza a precariedade laboral e os baixos salários. E a explicação que mais convence os empresários e outros políticos culpa os subsídios pagos mesmo a quem não quer trabalhar.

Mais uma vez se convoca o bom-senso e rapidamente se conclui que não é bem assim. Que o manto da razão não cobre exclusivamente os desempregados nem os empregadores.

Quem trabalha, pouco ou muito, sabe que os salários são curtos e que a taxa de impostos ao Estado é demasiado elevada. E quem paga sabe que paga muito, mas que grande parte vai para impostos, para o mesmo Estado.

No meio destes dois blocos estão os mesmos de sempre. Os que trabalham, ganhando pouco ou muito. A esses, ninguém pergunta se querem mais ou menos salário, se querem mais ou menos impostos.

Porque são esses que cumprem o desígnio de trabalhar para segurar os extremos e as desigualdades sociais.

São esses que garantem as políticas sociais, os apoios, os subsídios dados a quem justamente precisa e também aos outros.

São esses que trabalham para o sucesso da economia.

São esses que carregam as políticas fiscais, as sociais e todas as outras mais.

E quem carrega é que sente o peso.

Tão atual, a sabedoria dos antigos.

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