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Artigo de Opinião

Vice-presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz

8/03/2023 08:00

A legitimá-lo estão as pequenas e grandes discriminações, os pequenos e grandes crimes, as pequenas e grandes infâmias. Os ordenados diferentes, o acesso ainda condicionado aos cargos de chefia, a violência doméstica que se conjuga maioritariamente no feminino, os países onde o estatuto da mulher é rudimentar ou inexistente, a supremacia machista que se recusa a reconhecer a mesma legitimidade entre pares no emprego, nas instituições, em tudo o que socialmente ainda padece de um machismo vergonhoso e caduco, mas que existe.

Nós mulheres sabemos o peso que o machismo ainda exerce, o desgaste que ele provoca, e que motiva este sentimento que nos faz lutar todos os dias para que o mundo se encaixe e para que a justiça e a igualdade se cumpram.

Podem rir, tentar fazer da data mais um motivo comercial de flores e jantares, ou, como os homens ainda gostam de afirmar, "uma data de gajas", sem se aperceberem, na sua mediocridade boçal, que enquanto assim pensarem o dia Internacional da Mulher está perfeitamente justificado nos seus objetivos, nas suas lutas e até nas suas celebrações.

Gostaria de chegar ao dia em que será desnecessário afirmar o óbvio, defender a data, explicar o básico, lutar por uma justiça que deveria afirmar-se sem luta. Mas, sejamos francas, todas nós ainda sentimos na pele o caminho que falta percorrer para a tão proclamada igualdade de género, que só terminará a sua luta quando o género não determinar o acesso, a legitimidade, o mérito. Quando as mulheres e homens puderem estar lado a lado com as mesmas armas, com o mesmo estatuto e a viver num mundo regulado pelo valor de cada um e não por questões laterais como o sexo e o género.

Já todas sentimos, mais do que uma vez, mesmo em ambientes que se proclamam emancipados, que basta um pequeno deslize para surgir o discursozinho medíocre do machismo mal disfarçado, a satisfação tola de quem olha para as mulheres como seres que se toleram em nome desses modernismos que, no fundo, têm dificuldade em aceitar, porque lhes são estranhos valores como os da igualdade.

Nós mulheres sabemos que nos é exigido um permanente afirmar da nossa competência, mesmo quando ela é claramente superior aos nossos pares. Sabemos que temos muitas vezes de tolerar conversas onde a inteligência está ausente e o preconceito é rei e senhor entre os senhores. Sabemos de tudo isto e lutamos, ensinamos as nossas filhas e filhos para que vivam um futuro melhor do que este. E é por aí que temos de continuar esta luta. Na responsabilidade de valorizar as nossas meninas e na obrigação de educar os nossos meninos para a igualdade e para um mundo justo, onde uns e outros possam ser melhores pessoas e não homens e mulheres numa eterna guerra de sexos e numa eterna roda de discriminação e injustiça.

Esta é uma luta do dia de hoje e uma luta de todos os dias em nome de uma Humanidade em estado de maioridade.

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