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Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

25/06/2021 08:10

Estes gestos têm vindo a ser perdidos no tempo, sendo curioso que observamos como diferentes aqueles que os praticam, pois obviamente para a sociedade actual, de um narcisismo capitalista e egocêntrico, fruto de uma cultura errada do endeusamento do homem e perda de referenciais norteadores, a sociedade é uma farsa que só existe em função do ser individual!

Para construir uma verdadeira sociedade temos de a fundar em amor, como tal em altruísmo e abnegação.

Observemos o exemplo do senhor do Adeus, aquela figura cordata, que atirava acenos aos que passavam, uns retribuíam por jocosidade, outros consideravam loucura, eu retribuía porque acreditava no bem pelo bem, no como um pequeno gesto nos torna superiores, dizem que João Manuel Serra humanizava Lisboa, eu simplesmente considero que nos humanizava a nós. Talvez fosse sandice, talvez solidão, quiçá fosse apenas vontade, essa que de dentro vem e tudo traz consigo, comporta a imensidão do querer, e dar com renúncia da conveniência própria, é tudo, eleva-nos a um patamar existencial superior (onde todos deveríamos estar).Convém dizer que o senhor do Adeus é (permitam-me a intemporalidade pois para mim ainda reside na minha Lisboa imaginada e vivida!) a personificação do que deveríamos ser, afáveis, sociáveis, cordatos, e egoístas por nos sentirmos bem por darmos algo sem esperar retribuição!

Outra aprendizagem que apresento, ocorreu numa viagem carregada de simbolismo e de experiência sensorial rica, com a descoberta do que mais belo e natural tem o planeta para oferecer, era essa a expectativa, e assim ocorreu, mas como nada ocorre por acaso, deparei-me com a essência da humanidade! Curioso o desígnio da existência, numa viagem imaginada de encontro ao paraíso, com o ideal do mesmo estabelecido na beleza da natureza e da simplicidade, do seu equilíbrio, da paz terrena e espiritual, retirando o homem da equação, eis que um dos momentos que marcam a viagem, foi o contacto diário, directo com um homem de etnia claramente do sul da Índia, ou Sri Lanka, por certo Dhivelhi, cuja função era limpar os percursos pedestres de terra batida das folhas, caídas, tarefa esta de repetição e exaustiva pela temperatura do ar elevadíssima, sol escaldante, árvores frondosas, isto num local de respeito integral à natureza sem acesso a maquinaria ou auxílios tecnológicos, no entanto todos os dias sorria aberta e genuinamente a todos os que passavam, seguido de uma vénia e um aceno (alerto que as gratificações eram proibidas)! Esta reverência cordata que era retribuída pela maioria com um aceno e sorriso, demonstra o que de melhor todos temos, que é o amor abnegado, o poder de um sorriso, de um aceno, e a contribuição positiva que tem para com a nossa vida, e a dos outros.

Um gesto cordial é a base que sustenta uma sociedade de amor, a única que se perpetuará na eternidade.

Atire um sorriso, um aceno, um bom dia, semeie amor, e encontre esse que é o nosso único caminho, o caminho do Bem!

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