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Artigo de Opinião

27/11/2023 05:00

Antes de mais, caríssimo Dr. Carlos André Gomes, os meus sinceros parabéns pela sua eleição para a presidência do Clube Sport Marítimo. A si e a toda a sua equipa. Entendo que estes parabéns são ainda extensíveis ao Dr. Carlos Batista e à sua lista, pela forma correta como se processou todo o ato eleitoral, assim como toda a transição de pastas, demonstrando que o Marítimo está efetivamente acima de quaisquer interesses pessoais.

Creio que ainda não nos conhecemos pessoalmente, mas permita-me, no âmbito deste Maritimismo que partilhamos, duas ou três palavras sobre os próximos dias. Costuma-se dizer que o mais difícil é lá chegar, mas, verdade seja dita, a experiência prova que muitas vezes, o dia a seguir é sempre o mais complicado. E isso foi bem verdade com a direção que ora cessou mandato, diga-se incompleto.

V. Ex.ª hoje encontra o Marítimo numa posição que há quase quatro décadas não vivia. Relegado a uma segunda liga e a lutar, nem sempre bem até à data, por um regresso rápido à principal lide do futebol português. As penalizações são várias, particularmente no aspeto da receita. Redução das receitas televisivas que, em caso de não subida, na próxima temporada ainda serão mais acentuadas. Redução do apoio estatal, já refletido no PRAD 2023/2024. Menor montra desportiva, logo menor possibilidade de alavancar bons negócios com a venda de ativos. Depois temos os ‘velhos’ problemas, nomeadamente a regularização do estádio e dos terrenos de Santo António, entre outros berbicachos que vão surgindo.

A par de tudo isto, têm ainda de lidar com a pressão dos adeptos, eles também (e sobretudo estes) ávidos pelo tal regresso à Primeira Liga já na presente temporada. E com razão, diga-se. O Marítimo é (ainda) um corpo estranho na segunda Liga. Tal como o foi o Vitória de Guimarães há alguns anos. É o clube grande da Segunda Liga. Com mais adeptos, com mais história, com mais palmarés e com infraestruturas de clube maior e não secundário. Mas a memória é curta e a habituação é uma coisa que se ganha rapidamente. Se o Marítimo ainda impõe respeito, quer quando recebe os seus adversários, quer quando os visita, arrastando gente e apoio, o falhanço no cumprimento dos presentes objetivos facilmente fará este estatuto uma miragem de tempos idos. Pelo que, sem prejuízo de outras decisões relevantes, a prioridade máxima deverá mesmo ser a subida de divisão imediata.

Até porque, e como consta do caderno de encargos de V. Ex.ª, há muitos objetivos traçados a médio/longo prazo, que são relevantíssimos para o futuro do clube. A questão da academia, da reestruturação do clube, do branding/naming, da procura por novas fontes de rendimento, sejam através de investidores menores ou maiores, seja através de instrumentos financeiros, dependerão grande parte do Marítimo conseguir estar o mais alto possível no panorama do futebol português. Não apenas por uma questão de receita (o que não é uma matéria despicienda, por exemplo, face à prevista centralização dos direitos televisivos a partir de 2025), mas também de forma a ganhar mais capacidade negocial face a potenciais interessados e negócios em potência.

Sim, provavelmente há muita coisa a mudar no nosso clube. A dependência da SAD, o número de modalidades face ao ratio custo/ganho sem prejudicar a ação do clube na sociedade madeirense, a formação, a expansão do Colégio, o uso a dar aos edifícios contíguos ao estádio, bem como na comercialização deste, enfim, uma panóplia de preocupações que com certeza assolam o passamento diário da sua equipa.

Porém, todos os vossos esforços deverão estar concentrados na equipa principal e, na presente temporada, em pôr em marcha todas as medidas que forem necessárias para o efeito. A primeira decisão, porque não há outra altura para decidir, é o futuro do treinador. Ou recebe a necessária confiança pública da Direção ou, no imediato, deverá ser procurada outra alternativa. Porque esta decisão impõe-se antes do mercado de janeiro, onde se procurará preencher as lacunas da equipa. Por outro lado, importa recuperar o peso que o Marítimo tinha na Liga de Clubes e junto dos responsáveis da arbitragem em Portugal. O que tem acontecido nestes dois anos é disso clara evidência, de um clube que ficou à mercê de interesses externos, sem capacidade de se fazer ouvir ou de influenciar onde a decisão é discutida e tomada.

Como vê, Sr. Presidente, tem o seu prato cheio, e pouco tempo para mostrar resultados. Faço votos que alcance um ótimo mandato, pois tal significará que o Marítimo atingirá os seus objetivos. Que é o que todos os Maritimistas querem!

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