O pai de hoje não quer somente ajudar. Quer fazer parte, compartilhar decisões, afetos, responsabilidades. Quer ser um pai muito mais presente do que nas gerações anteriores. Se a mãe conquistou um lugar no mercado de trabalho, o pai conquistou um lugar na vida doméstica e familiar e na transmissão dos afetos, assumindo as práticas parentais valores mais democráticos.
É comum hoje em dia vermos o pai passear no parque com os filhos, ir às consultas médicas, a ser confidente, ou seja, a ganhar terreno num campo que era, até alguns anos atrás, vocacionado para as mães.
Nos tempos dos nossos avós assumia-se que os homens se identificavam e desenvolviam a sua autoestima, sobretudo, do desempenho no trabalho, como se a atividade masculina mais significativa ocorresse fora do seio familiar. A principal função do pai era garantir o sustento da família e impor a autoridade. Às mães estava incumbida a tarefa de cuidar dos filhos, bem como, toda a gestão e organização da casa.
Hoje em dia, resultado dos passos gigantescos que as mulheres deram com a sua entrada no mercado de trabalho e das alterações sociais e económicas decorrentes do 25 de abril de 1974, o papel de mãe e de pai alteraram-se. Um não tira o lugar nem a importância do outro, mas complementam-se. Evidentemente, ao longo dos tempos sempre houve exceções e, pais que, por gosto ou mesmo por necessidade, se envolviam no cuidado e na educação dos filhos, estabeleceram com eles fortíssimas ligações de vinculação, juntamente com as mães.
Se esta tarefa de acolher, cuidar e educar um filho é extraordinariamente bonita e interessante, também é complexa e desafiante. Ser pai é mais do que uma função ou o desempenho de um papel. Para muitos, é a prova existencial mais profunda das suas vidas. Passou-se do modelo de pai autoritário para o modelo de pai cuidador.
Sabemos que o conceito de família perfeita não existe. Cada família caracteriza-se por ter uma dinâmica própria e no decorrer do seu ciclo vital pode ser invadida por uma série de desafios, ruturas ou transições que exigem adaptações de todos os que dela fazem parte. Situações como o nascimento de um filho, o divórcio ou a doença, são alguns dos fatores geradores de mudança no tecido familiar e social podendo levar a que as famílias vivam sobre pressão e, no limite, conduzir à falta de disponibilidade para os filhos, para a falta de reflexão das suas atitudes e práticas parentais.
Ser pai é um ato contínuo de aprendizagem com a possibilidade de se refazer e reinventar a tempo de construir uma relação cada vez mais positiva com os seus filhos.