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Artigo de Opinião

22/08/2022 07:30

Segunda nota: não tenho dúvidas que as pessoas que hoje compõem os órgãos diretivos do Marítimo e da SAD são Maritimistas e que, com toda a certeza, pretendem o melhor para o clube. Porque o sucesso do Marítimo é igualmente o seu sucesso.

Terceira nota: também não duvido que, em condições normais, um dos principais interessados em que tudo corra bem é o treinador e a sua equipa, pois, quer queiramos quer não, a sua continuidade depende sempre do sucesso do seu trabalho e dos resultados.

Ora, tendo isto perfeitamente assente, vamos ao que interessa.

Não duvidando do genuíno interesse de todos aqueles envolvidos na gestão do clube, o que podemos (e devemos) discutir, não é a boa-fé das pessoas e o resultado que é pretendido alcançar, mas sim a eficácia dos seus métodos e dos resultados que realmente atingem. Se, no que concerne a este último ponto ainda é cedo para concretizar um juízo de valor, no entanto, o decurso do tempo da sua gestão já permite uma avaliação, ainda que primária, e uma antevisão de resultados possíveis.

Com a eleição de Rui Fontes em outubro último, foram prometidas uma série de mudanças no clube, mormente, na relação com os adeptos, na resolução de problemas imediatos e, acima de tudo, na recuperação do estatuto do Marítimo enquanto clube relevante em Portugal e de estatuto europeu (ou pelo menos que lute por um lugar do meio da tabela para cima). Com nova equipa veio uma nova organização, nomeadamente uma administração para a SAD do Marítimo que não inclui o presidente eleito. Veio então João Luís para a presidência da SAD. E, a ele, foi assacada a responsabilidade de, no momento imediato, safar o clube da despromoção (o que foi alcançado) e preparar a próxima temporada, tendo em vista uma prestação bem diferente da dos últimos anos. E isto é importante perceber bem. Se ao presidente do Marítimo, Rui Fontes, coube-lhe resolver questões problemáticas como o relvado, o licenciamento do estádio e a recuperação da ligação aos adeptos (apenas para numerar alguns), à nova SAD coube a construção do (novo) plantel que será o Marítimo na Liga BWIN 22/23.

Não me querendo repetir, recordo que há cerca de mês e meio manifestei uma série de preocupações sobre como o plantel estava a ser formado e as declarações que vinham oficialmente sendo prestadas pelos responsáveis da SAD (podem ler o artigo que escrevi em 11 de julho nestas mesmas páginas). Ora, duas jornadas volvidas, infelizmente mantenho as mesmíssimas preocupações.

Como foi público, foi prometido pela nova SAD um ataque ao mercado de forma mais pensada, bem identificada, nas suas palavras de forma "cirúrgica". Analisemos.

Nas duas primeiras jornadas o Marítimo entrou em campo com o seguinte onze: Miguel Silva, Wink, Zainadine, Matheus, Leo Andrade/China, Mendes, Beltrame, Xadas, Miguel Sousa, Vidigal e Joel. Ora, se compararmos com aquele que foi o onze mais utilizado da época passada (PV, Wink, Zainadine, Matheus, Vitor Costa, Mendes, Rossi/Beltrame, Guitane, Vidigal, Joel e Alipour), facilmente se depreende que há uma continuidade de uma época para outra, mas que também faltam novos nomes. As saídas de PV (30j), Rossi (28j), Guitane (30j e 5g) e Alipour (36j e 8g), para já, foram compensadas com os suplentes do ano passado, o que, pela lógica, entender-se-á, até prova em contrário, que se tratará de um onze menos forte que o da época passada. Sem esquecer que saíram ainda Pelágio e Henrique, dois jogadores com muitos jogos e muitos minutos nas pernas. E que ainda se fala na potencial saída do Joel, do Wink ou do Matheus.

Pelo que aqui importa perceber que peso (e qualidade) terão os novos elementos que chegaram ao Marítimo: Trmal, Rafael Brito, João Afonso, Lucho, Zarzana, Moreno e Ramirez. A primeira impressão é, na falta de melhor palavra, uma incógnita. Trmal (apesar de achar que é um bom guarda-redes) era suplente no Vitória e chega para ser suplente do suplente de PV. Brito e Afonso continuam lesionados e indisponíveis para a equipa, sem data de regresso. Lucho Vega tem 57 minutos, sem fazer esquecer, por exemplo, o Pelágio e muitos menos o Rossi. Zarzana, Moreno e Ramirez chegaram já rolava o campeonato, ou seja, não fizeram parte da pré-temporada do Marítimo, pelo que ainda levarão algum tempo a assimilar os processos que Vasco Seabra pretende, ao que não se pode dissociar a sua tenra idade e falta de experiência.

Ou seja, acreditando que o treinador escolhe sempre aqueles que estão melhores ou que lhe dão maior confiança, a realidade é que o onze que o treinador do Marítimo tem apresentado é sinal de que este entende que os que chegaram não são (para já) melhores do que os que têm jogado. O que é sinal de que os que saíram não foram efetivamente compensados pelos que entraram! E se nos lembrarmos das debilidades que o Marítimo apresentou na época anterior, infelizmente não vejo como grande surpresa que uma equipa descapitalizada de alguns dos seus melhores valores, esteja a demonstrar as dificuldades que todos temos visto.

Como é evidente, tudo isto me preocupa. O mercado fecha em breve e o Marítimo terá que abrir a carteira e ir ao mercado no tempo que resta. São claramente necessários dois ou três elementos de qualidade e experiência comprovada que entrem de caras no onze. De outra forma, antevejo grandes problemas, para uma época que se pretendia de festa. E, recordo uma velha máxima no futebol: todos os problemas começam se a bola não entra...

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