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Artigo de Opinião

1/11/2025 08:00

«Querer ser livre é também querer livres os outros» Simone de Beauvoir (1949), O Segundo Sexo

Escolhi nascer madeirense na freguesia da Sé do Funchal. E foi também na mesma freguesia da Sé que, tantas outras vezes, exerci a minha liberdade de renascer.

Permita-me que clarifique e acrescente contexto.

Acredito na Liberdade, na Liberdade de Escolha, na Liberdade enquanto conjunto de direitos individuais e coletivos, na Liberdade enquanto conceito teórico, concreto e palpável.

Acredito (mas não me limito à crença) numa liberdade individual humanista, na linha da citação de Simone de Beauvoir com que escolhi, em liberdade, abrir este artigo: uma liberdade que se escolhe e que, também por isso, se quer partilhada com outras pessoas igualmente livres de também a escolher. Liberdade que se liberta e se torna coletiva.

Ainda pré-adolescente, perguntaram-me, certo dia, qual seria um dos meus destinos favoritos que incluísse o meu batismo de voo. Sugeri a Madeira. Sem nenhuma razão concreta. Talvez fosse o destino disfarçado de acaso. Ou então foi mesmo um acaso que se tornou destino, porque a sugestão foi bem acolhida.

Quando escolhemos um destino, escolhemos um novo local de partida. Se regressarmos muitas vezes, torna-se um ponto de partida permanente, uma espécie de novo local de nascimento, a partir do qual a nossa vida recomeça, como viajantes bem-sucedidos.

Nessa primeira ocasião, ficámos alojados na Sé. Voltei várias vezes, em turismo, em lazer, para ver e praticar desporto, como árbitro, treinador e organizador de provas, e fiquei quase sempre nesta freguesia. Criei uma ligação afetiva, cada vez mais forte à Região, ao Funchal e a esta pequena freguesia, que é provavelmente também a maior freguesia do mundo, porque se prolonga da Madeira às Selvagens.

E assim, a freguesia da Sé, Funchal, passou a ser minha segunda naturalidade. Desta vez, escolhida em vez de acontecida.

Depois de mais de 20 visitas ao longo de 20 anos, decidi aceitar o amável convite que me faria renascer madeirense, desta vez na qualidade de residente permanente por um ano. Um ano que já são vinte, devidamente comemorados no mês passado com um cálice de Malvasia de 20 anos.

Não será, por isso, de estranhar que, nesta cidade que se fez minha e me fez seu, me tenha apaixonado e que esse amor tenha frutificado. Ou que, em parte, também por isso, tenha decidido exercer aqui a minha liberdade de participação cívica e política na construção de uma sociedade livre e justa que toda a gente deseja para as suas crianças.

Porque amamos esta freguesia, esta cidade, esta região, queremos o melhor para o território e para quem cá nasça, cresça, ou decida viver depois de crescer, para quem cá trabalha e para quem nos visita.

Comecei como autarca precisamente na freguesia da Sé. Gosto da proximidade, da capacidade de podermos fazer melhor, por pouco que seja, uma rua, uma família, uma pessoa de cada vez. Ao longo destes oito anos na Assembleia de Freguesia, na oposição, reforcei a minha crença na democracia. É possível partilhar os mesmos objetivos e discordar dos adversários políticos quanto ao modo de lá chegar. É possível ter visões diferentes e continuar à procura do terreno comum, que nos permita melhorar as condições de vida das populações ou minorar algumas dificuldades. E, às vezes, também não é possível concretizar os planos ou ultrapassar a discordância. Mas é sempre possível manter o respeito mútuo.

Terminaram estes dois mandatos, mas não o amor ou a determinação.

É este tipo de amor pela cidade em que vivemos e que queremos viver, que me faz disponibilizar para continuar a estar ao serviço do Funchal, agora como deputado eleito à Assembleia Municipal do Funchal, pelas listas do Partido Socialista.

Enquanto representantes da população do Funchal, seremos uma voz ativa na sua defesa. Reafirmamos o nosso compromisso com a defesa dos nossos valores de sempre: Liberdade, Democracia, Justiça Social e Desenvolvimento Sustentável.

Enquanto oposição, exerceremos o escrutínio da atividade do executivo de forma séria e propositiva, e lutaremos para que todos os funchalenses possam ter mais qualidade de vida, que começa pelo direito a uma habitação condigna, à mobilidade e a viver numa cidade limpa e segura.

Sempre com a mesma Liberdade Livre e Humanista que desejamos para nós e exigimos para os outros.

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