Acredito que a política é a arte de fazer o bem, é a arte de tudo fazer para concretizar o bem comum.
Ainda que os políticos possam ter, e bem, as suas matrizes ideológicas, a verdade é que naqueles deve sobressair a capacidade de, na diferença, encontrar objetivos comuns para transformar, reformar a sociedade e, assim, tornar este mundo num mundo mais equilibrado com a consequente diminuição das assimetrias, designadamente, as sociais.
Há dias, num intervalo de um programa televisivo de comentário da atualidade política, referi a um Colega de um outro partido que seria importante que todos dessem o seu contributo para um determinado tema em discussão e eis que a resposta foi: “Então era isso!”
Confesso que fiquei indignada e facilmente percebi que, efetivamente, existem agendas que colocam o interesse pessoal acima do tal bem comum, ainda que sob uma veste da aparente preocupação e do cuidado para com as pessoas, principalmente as mais frágeis.
Não menos verdade é que da direita à esquerda também me cruzo, diariamente, com Colegas, políticos, que, não obstante as diferenças ideológicas, se esforçam, para em sectores essenciais para o desenvolvimento de um País, de uma Região, tudo fazem para encontrar pontos convergentes que permitam a adoção das políticas mais adequadas.
Custa-me a entender que um discurso de ódio, bem como uma forma muito acintosa de argumentar e de distorcer a realidade, domine algum espectro da atualidade política, pois tenho para mim que é no debate, ainda que inflamado, mas com respeito e honesto, de políticas, de ideias, e sem que se verifiquem ataques pessoais, que se encontram as soluções mais adequadas para fazer caminho, o tal caminho do bem comum em que todos, todos, contam.
Bem sei que “a verdade e o bem não têm a possibilidade de atrair a pessoa humana, a não ser que esta se sinta tocada por algo que a fere ou que fascina”. E é por isto que muitos procuram evidenciar feridas, dissensões, ao invés de almejar, com testemunho, com trabalho, com dedicação, evidenciar o fascínio que reside na verdade, numa verdade que pode não ser a minha ou a dos outros, mas uma verdade que nos impele a ir em busca do dito bem comum com a consciência que “errando se inventa”.
Por mais do que uma vez já me disseram “olha, na política não estamos para ser adorados”.
Na verdade, nem na política, nem em lado nenhum “estamos para ser adorados”. O que nos move, na política e na vida, não é a capacidade de ser amado, mas a capacidade de, sem buscar o próprio interesse, transformarmos a vida dos outros e muitas vezes com gestos tão simples e humanos.
Hoje, mais do que nunca, muitas pessoas andam em busca de mestres e quantos nos dizem que hoje nos faltam os mestres, os líderes. Será? Creio que “os grandes mestres estão mais perto de nós do que pensamos” ..., olhemos à nossa volta, ao nosso redor. A minha avozinha, que não sabia ler, nem escrever, que fazia “contas de cabeça” como ninguém e que já adulta aprendeu a escrever o seu nome, é uma das minhas maestrinas. Ensinou-me, com a sabedoria da sua longa vida, que para fazer o bem o céu é o nosso limite, que as dificuldades não nos definem, mas que nem todos somos iguais, e que a verdade transparecerá sempre, e sobretudo, no nosso rosto, no nosso jeito de ser e que anda de mão dada com o bem comum.
Que sejamos os sedentos, os peregrinos do bem comum e que os nossos olhos não fiquem colados aos sapatos, mas que olhem com esperança e com desejo de verdade para o caminho da vida.