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Artigo de Opinião

Directora Business Development

31/01/2022 08:00

Seria de esperar alguma revolta, alguma mágoa, alguma tristeza por não terem conseguido vencer e construir as suas vidas no país que os viu nascer, mas o emigrante português pelo mundo é resiliente, é forte e determinado - é grato pelas condições que conseguiu alcançar no seu país de acolhimento, trabalha afincadamente nos seus ofícios e poupa o mais que pode para que o amanhã possa ser passado em Portugal, com os que mais ama. E o amanhã, são as férias que passa com a família na sua aldeia ou povoação, é o fim de semana em escapada breve para sentir o cheiro da sua terra e que as companhias aéreas de low cost vieram permitir e é a esperada reforma que os levará de regresso definitivo ao seu país, para aí continuarem com um pequeno negócio, aplicando o conhecimento adquirido ao longos dos largos anos no estrangeiro e para habitarem a casa que ao longo de anos foram construindo meio que há distância.

Sendo Portugal um país com um número elevado de emigrantes pelo mundo e tendo sido o nosso português Vasco da Gama pioneiro no conceito da globalização, é justificável que tenhamos pelo mundo 77 embaixadas, 48 postos consulares, 9 representações ou missões permanentes e ainda 235 consulados honorários. Para além destas missões representativas de Portugal pelo mundo, contamos ainda com as inúmeras delegações de AICEP para apoiarem as empresas portuguesas a se internacionalizarem e apoiá-las no processo de exportação e dentro da mesma linha de actuação, temos ainda as Câmaras do Comércio que operam de forma semiprivada em prol dos portugueses, ou pelo menos assim deveria ser.

Estando Portugal tão bem representado no estrangeiro, quer pelo seu capital humano, de quase 3 milhões de emigrantes portugueses (cerca de 27% da população portuguesa) e as centenas de organizações portuguesas que operam a partir do estrangeiro, em prol da representação dos portugueses pelo mundo e de um Portugal mais aberto ao mercado externo, mais competitivo e mais dinâmico, qualquer holandês, alemão ou cidadão de uma economia aberta afirmaria, sem hesitar, que Portugal tem tudo o que precisa para vencer no mercado externo, mas a verdade está longe da realidade.

Os emigrantes portugueses pelo mundo, sofrem há anos problemas gravíssimos (sem exagerar) com os postos consulares, impossibilitando-os de efectuarem uma simples renovação de um cartão do cidadão, um passaporte e outros atos consulares de forma célere. Os sucessivos governos continuam a "empurrar com a barriga" este problema que se arrasta há tantos anos e que continua sem coragem política para ser resolvido. A solução muita das vezes encontrada por parte dos emigrantes é a ida a Portugal para fazer efectivar os documentos, porque há urgência e o impossível sistema dos agendamentos consulares não vislumbra uma solução. Imagine o caro leitor, o caso de uma família de pai, mãe e dois filhos, a situação não fica barata, daí os ânimos muitas vezes se exaltam e são necessárias intervenções da polícia local.

Quanto à Embaixada, Aicep e demais afins, são assíduos em cerimónias culturais, nas inúmeras iniciativas organizadas pela comunidade, compondo a mesa dos chamados "ilustres", mas o seu propósito acaba aí, porque a mais não são obrigados - errado, a comitiva do "croquete" precisa de estar mais próximo dos portugueses que lhes pagam o ordenado, tem que estar mais próximo dos sonhos dos portugueses em exportarem os seus produtos, têm que ouvir mais os portugueses e apoiá-los, para juntos poderem melhorar a vida dos portugueses e de Portugal.

Quanto às Câmaras do Comércio, (salvo apenas poucas excepções de bom trabalho realizado, como é o caso de Carlos Vinhas Pereira em Paris), não passam de organismos de vaidade, que não trabalham em prol de Portugal ou dos portugueses, mas apenas trabalham na construção dos seus círculos restritos de lobbies, utilizando instalações públicas portuguesas, pagas pelos impostos dos portugueses. Está na hora de parar este abuso e fazer com que todos os portugueses possam trabalhar em conjunto, para genuinamente termos orgulho do que é nosso.

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