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Artigo de Opinião

26/06/2023 06:00

Neste dia os adeptos do Marítimo votaram massivamente na lista encabeçada por Rui Fontes, pondo fim a 24 anos de Carlos Pereira. Foram muitas as razões para este desfecho, desde a relação com os adeptos, ao menor fulgor desportivo do clube, mas, sobretudo, pelo cansaço dos adeptos de uma liderança longa e vincadamente muito personalizada.

Apareceu Rui Fontes. Essencialmente trazia um "projeto ambicioso" que tinha como objetivo "colocar o Marítimo entre os seis, sete primeiros clubes nacionais". Para o efeito, pretendia revolucionar a gestão do clube, promovendo a "descentralização nas decisões, responsabilidade, profissionalismo, inovação e modernização" do clube e SAD, atribuindo a direção desta a João Luís e a Luís Olim. Recusava a política de gestão de Carlos Pereira, "de um homem só", sendo que, no seu caso, admitia que iria apenas cumprir um mandato.

Sucede que, em pouco menos de ano e meio, todo o projeto ruiu. Desde logo, a gestão "à Bayern". A relação direção do clube / Administração da SAD começou a mostrar as suas fragilidades ainda antes de terminar a temporada 21/22. As divergências públicas entre Rui Fontes e João Luís eram cada vez mais visíveis e subiam de tom a cada dia, com o próprio Fontes a assumir que não concordava com este modelo. A incompetência demonstrada por João Luís na preparação da nova temporada, expresso no início de prova desastroso (com 8 derrotas consecutivas), levou à sua demissão e em outubro de 2022 o presidente da Direção passava igualmente a presidente da SAD, pondo fim à primeira meta proposta no programa eleitoral mais votado, que era a gestão diferenciada e descentralizada do clube/SAD.

E, depois, o impensável aconteceu. Ao fim de 38 anos consecutivos na primeira liga, o Marítimo viu-se relegado para a divisão inferior. Foram demasiados erros na preparação da temporada, alguns corrigidos outros nem por isso, demasiados casos e demasiados problemas. Tudo isto empurrou o Marítimo para a segunda liga. Falhando assim outro grande objetivo desta Direção, que era recolocar o Marítimo entre os primeiros clubes nacionais. Com o agravante da descida de divisão, com as consequências que ainda estão por ser apuradas.

Perante a quebra absoluta das traves-mestras desta Direção, aceitava-se que os mesmos colocassem o seu lugar à disposição dos sócios, isto sem prejuízo de, e atendendo aos prazos curtos para o início da próxima temporada, ficassem ainda com a responsabilidade de a preparar. Porém, a reação da Direção foi apresentar um plano estratégico para o futuro imediato do Marítimo. Plano esse que, conhecido, trouxe apenas aquilo que já se sabia desde o início: a tal profissionalização da estrutura, a (re)organização do universo empresarial da SAD e eventual preparação para a entrada de investidores. Nada disto é novo. E nada disto necessita sequer de nova aprovação dos sócios pois já o votaram em 2021, com a exceção, naturalmente, da eventual venda de ações da SAD. Pelo que se impõe a pergunta: para quê tudo isto?

Na realidade, com esta opção tomada, o que a Direção pretende é um voto de confiança dos sócios. Atendendo ao desastroso resultado de ano e meio de mandato, procura agora o presidente Rui Fontes e sua direção, saber junto dos sócios se ainda mantém a confiança eleitoral. Pelo que a AG de amanhã não é verdadeiramente para votar ou deixar de votar planos, mas sim para demonstrar se existe confiança ou não, nesta direção, para repor o Marítimo no caminho certo que, neste momento, passa pela subida imediata à Primeira Liga.

Assim caberá a todos os sócios decidir se mantêm a confiança nesta Direção ou, se pelo contrário, consideram que já não estão reunidas as condições necessárias para estes continuarem a exercer os cargos para os quais foram eleitos. Devendo estes tirar as devidas consequências. Amanhã o futuro imediato do Marítimo estará nas mãos dos sócios.

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