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Artigo de Opinião

Deputado

18/02/2023 08:00

Lourdes Castro é sombra e luz. Uma sombra que ilumina o MUDAS e lhe dá voz "como uma ilha sobre o mar". Uma ilha sobre o mar plantado para visitar até junho. Uma exposição que carece visita desprendida, para ser saboreada em cada apontamento, na linha e na forma do traço que (des)nuda o ser e nos confronta para o princípio de tudo e o fim de nada, no mar do silêncio de quem viveu rodeado pela natureza e por ela se deixou inebriar todo o tempo.

Integrada nas comemorações dos 30 anos da fundação do Museu de Arte Contemporânea da Madeira, "Como uma ilha sobre o mar: Lourdes Castro" tem a visão e a curadoria da Márcia Sousa, que vem desenvolvendo um extraordinário trabalho de afirmação do Mudas no panorama da cultura regional e nacional, com projeção internacional, ao nível das artes plásticas mas também ao nível da programação de espetáculos performativos, sem descurar a disponibilidade para cooperar com as instituições locais e levar múltiplos públicos a diferentes formas de expressão e fruição artística.

Para quem, como eu, esteve na inauguração do então Centro das Artes Casa das Mudas, 9 outubro 2004, e ouviu algumas das palavras nesse dia proferidas, não tem dúvidas que o presságio se concretizou: aqui não é o fim do mundo para a cultura, aqui é onde tudo de facto começa. Sem qualquer presunção bairrista, é inquestionável que a oeste se afirma um dos melhores exemplos de descentralização e dinamização cultural levado a cabo pelo Governo Regional. Em 2004 Alberto João Jardim afirmou que esta obra veio mostrar que "podemos criar beleza". Em 2015, Miguel Albuquerque, aquando da instalação do Museu de Arte Contemporânea da Madeira, ilustrou o momento com um episódio de Winston Churchill que, na apresentação de um orçamento de emergência em plena segunda guerra, dava conta ao seu gabinete que não apresentava cortes na área da cultura, pois a guerra se fazia antes de mais pela defesa da cultura.

E se em 2004, por mais que a crítica nacional e internacional se rendesse ao traço do Paulo David, 16 milhões de euros eram apontados como uma megalomania governamental, para mais na Calheta, hoje, ninguém duvida que foi o melhor investimento feito na defesa da cultura. O MUDAS fechou 2022 com quase 40.000 entradas e foi o museu sob tutela da DRC com o maior número de visitantes… e fica na Calheta! A cultura não conhece distâncias!

Certamente que a visão da Márcia e a sombra de Lourdes Castro farão o MUDAS crescer ainda mais. Que continue guiado pela sombra a nos revelar a luz e que cada madeirense não perca a oportunidade de a contemplar aqui tão perto, viva "como uma ilha sobre o mar". Fica o convite e obrigado Márcia!

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