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Artigo de Opinião

Psiquiatra

20/07/2022 08:00

Alguns mitos sobre a depressão são:

- Depressão não é uma doença

- Quem tem depressão é fraco

- Só os adultos têm depressão

- A depressão só afeta mulheres

- Depressão é preguiça

- Depressão é estar triste

- Falar sobre o que se sente, da depressão ou de pensamentos suicidas, aumenta a probabilidade de se cometer o suicídio

- Quem trabalha não tem depressão

- A medicação só serve para quem tem pensamentos suicidas

- São os problemas da vida que causam a depressão

- É fácil de perceber quando alguém tem uma depressão

- Só existe um tipo de depressão

- Ansiedade e depressão são a mesma doença

- A depressão pode curar-se de um dia para o outro

- A medicação faz efeito rápido

- Posso parar a medicação logo que me sinta bem

- Todos os que tomam medicação, conseguimos perceber quem são. Estão drogados ou babados.

De forma a facilitar o leitor, todas estas informações ou estão erradas ou incompletas, mas traduzem grande parte das ideias erradas que proliferam pela sociedade.

De facto, a depressão é uma doença, tem o nome identificado acima e não é uma questão de força pessoal ou de moral. Não é uma escolha ter uma depressão. Qualquer pessoa pode ter uma doença deste género e estima-se que ao longo da vida 30% da população poderá ter um episódio depressivo.

A depressão acontece em crianças, adolescentes e em idosos. Tanto nos mais novos, como nos mais velhos, é onde devemos ter maior cuidado. É mais difícil de identificar e tem maior risco.

A depressão afeta tanto os homens como as mulheres. Apesar de afetar ligeiramente mais mulheres, é também muito frequente nos homens. Pelos mitos e pela sociedade forçar os homens a terem tantas emoções como as pedras têm, demoram mais tempo a pedir ajuda e utilizam mais frequentemente o álcool e as drogas para tentarem fugir da depressão, agravando o seu estado e correndo o risco de comportamentos agressivos e suicidas.

A depressão não é preguiça e não começa porque alguém ficou deitado no sofá. A depressão é uma doença, com várias e complexas causas e não é uma escolha da pessoa. Mesmo as pessoas mais ativas, que realizam mais desporto e tenham mais vida profissional, social e espiritual, também podem ter episódios depressivos ou outras doenças mentais.

A depressão é um conjunto de sintomas, dos quais a tristeza faz parte. A lista dos sintomas habituais é grande, mas para se definir um episódio depressivo não é preciso ter todos estes sintomas. A quantidade ou intensidade dos sintomas, determina a gravidade da doença. A tristeza, perda de interesse e a falta de sentir emoções e prazer nas atividades da vida que costumam provocar estas sensações, são os principais sintomas. Podem estar todos presentes, ou apenas um deles. Considera-se um episódio depressivo quando estes sintomas têm mais de duas semanas de duração. Para além destes sintomas, estão presentes muitos outros, como insónia (dificuldade em dormir) ou hipersónia (aumento da necessidade de dormir), diminuição ou aumento do apetite, diminuição ou aumento de peso, diminuição da líbido (vontade de ter relações sexuais), diminuição da energia e fadiga fácil, lentificação dos pensamentos e dos movimentos ou agitação, diminuição da autoestima, sensação de culpa excessiva, diminuição da capacidade de concentração e pensar, aumento da dificuldade de tomar decisões, pensamentos de desinteresse pela vida, da inevitabilidade da morte e suicidas.

Na presença dos sintomas graves descritos, a pessoa deve procurar ajuda profissional urgente. Não adie e não deixe o seu familiar adiar. O tratamento adequado salva inúmeras vidas.

Para a semana, continuamos com os mitos que ficaram pendentes.

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