Na próxima semana, assinala-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres.
Esta efeméride instituída por uma Resolução da ONU, com a missão de alertar para a violência física, psicológica, sexual e social que atinge as mulheres, tem de continuar a ser mais do que uma lembrança no calendário.
Resgato o “Levanta-te, mãe”, esse clamor que todos conhecemos, que muitos de nós ouvimos e que continua cravado no nosso coração, como se, a nós, também aquele filho nos pedisse para nos levantarmos diante deste flagelo.
A violência contra as mulheres e contra as raparigas continua a ser uma das violações mais graves, mais frequentes, mais normalizadas no mundo. E é assim em qualquer país, em qualquer faixa etária, em qualquer camada social.
Levantemo-nos.
Na Madeira, dados da PSP dão conta de 382 casos de violência doméstica no primeiro semestre deste ano. A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género reitera, baseada no Portal da Violência Doméstica, que, no nosso país, entre janeiro e março, registaram-se 7056 ocorrências participadas à PSP ou à GNR.
Bastaria um. Levantemo-nos.
Na nossa Região, está em curso o III Plano Regional contra a Violência Doméstica, um instrumento fundamental que “(...) congrega as políticas e medidas assumidas pela Rede Regional Contra a Violência Doméstica, a qual integra as instituições públicas e privadas que, integram na sua Missão, ações de prevenção, de proteção, de reparação dos impactos dessa violência nas pessoas e nas famílias por ela afetadas”.
Nesta e para esta missão, não basta que apenas um se levante. Naturalmente, é crucial o papel e a intervenção de todas as instituições com responsabilidade nesta área e na prossecução deste Plano, mas, também, sobretudo, cada vez mais, a atenção de cada um de nós.
A violência doméstica, e a violência contra as mulheres em particular, não é um problema de outros. Ou só dos outros. Não é só, por exemplo, da PSP, do Governo Regional, das autarquias, das instituições de saúde ou sociais, dos estabelecimentos de ensino, dos partidos, muito menos das partidarites. É um problema nosso. É um problema de todos.
Levantemo-nos. Sempre. Cada vez mais.
É importante darmos a mão a quem precisa. Às mães, às mulheres, aos filhos que nos imploram, tantas vezes num silêncio ensurdecedor, por ajuda.
É fundamental e inegociável educarmos as gerações mais novas, os nossos filhos, recordarmos os nossos amigos, lembrarmos os nossos pares, aumentarmos o tom de voz onde temos voz para dizer “não!” à violência doméstica.
Levantemo-nos.
E a ti, mãe, a ti, mulher, a ti, jovem rapariga, a quem pedem que te levantes num mundo sombrio e difícil, onde os gritos são maiores que o amor, lembra-te que existem apoios e instituições prontas a te acolher, prontas a desenhar um novo futuro.
Através do contacto com a Linha de Emergência – 144 ou com a PSP – 112, é possível sair do ciclo de violência, é possível dar um primeiro passo, pedir proteção e obter ajuda especializada.
Além disso, importa reiterar que a violência doméstica é um crime público, pelo que, além da vítima, qualquer pessoa pode e deve denunciar.
“Levanta-te, mãe”. Levantemo-nos! Todos!