A Madeira habituou-se durante quase 50 anos a ter apenas e unicamente um partido no poder. Estamos a falar de quase meio século de governação social-democrata, tanto no governo como em autarquias. A estrutura do governo envolve secretarias, empresas público-privadas, institutos e por aí fora. É lógico assumir que é o partido com mais experiência governativa e com maior mobilização de pessoas, quase impossível de algum partido conseguir se equiparar a esta rede que engloba quase a Madeira toda. Mas também já ficou óbvio que não é o CAOS mudar. Vejamos os exemplos das mudanças autárquicas. Várias câmaras que viram outras cores políticas assumir cargos de poder e que têm desempenhado essa função tão bem ou melhor que governações anteriores de outras cores políticas. Claramente que estas tem tido as suas falhas, muitas delas denunciadas pelo PAN mesmo sem ter qualquer representação autárquica. E muitas destas falhas devem-se a manterem-se durante vários anos no mesmo cargo, o que não é saudável para nenhum partido, seja ele qual for, daí defendermos a importância das mudanças. É importante trazer novas caras e visões. As pessoas ainda estão muito focadas na mudança de PSD para PS, mas não tem de ser assim. Temos de nos desprender das maiorias e saber trabalhar em conjunto. E quando digo pessoas, os partidos também, incluindo da oposição. Há partidos que continuam a agir da mesma maneira há quase 50 anos e a esperar resultados diferentes. Nós merecemos melhor que isso. O mundo global tem vindo a transformar-se, são menos as democracias com maiorias, sobretudo em países evoluídos e em evolução. Queremos Assembleias que sejam constituídas por pessoas que representam pessoas. É para isso que temos de trabalhar. Essa é a alternativa possível, credível e forte o suficiente para derrubar poderes absolutos. O PS não é alternativa sozinho, como já não é o PSD. Mas isso não nos pode fazer pensar que não há alternativas, elas existem e estão aí, haja vontade política e capacidade de os agentes políticos deixarem os seus egos de lado e pensarem seriamente na Madeira em primeiro lugar. Não podemos acreditar que dentro dos 2 maiores partidos da Região, não haja quadros competentes que assumam as lideranças e que mudem o rumo da política regional.
Quanto aos restantes partidos, levanta-se a questão da experiência, mas essa constrói-se com oportunidade. É isso que devemos pedir às pessoas e garantir que aproveitamos ao máximo a oportunidade que nos dão, respeitando o cargo que assumimos. Temos de ser exemplo que inspira e personalidade que transmite confiança. E há pessoas inspiradoras na política, há caminhos que se têm construído de forma séria, responsável e a pensar nas pessoas, da esquerda à direita. Perdemo-nos é muitas vezes no burburinho das redes sociais, no ruído intenso e folgante da comunicação social, nos ódios pessoais e ambições desmedidas e na desconfiança parlamentar que se instaurou após anos a habituarmo-nos aos ditos “jogos de bastidores”, decisões de última hora e Presidências feitas com base em acordos pessoais. O chumbo do orçamento não é o fim. É o início. Reprovar o orçamento não é birra nem irresponsabilidade. É colocar um travão a uma má gestão governativa e a políticas públicas que só têm prejudicado os madeirenses. É colocar um basta na postura governativa assumida durante os últimos meses que só tem prejudicado os madeirenses. Foi isto que pesou na decisão do PAN, que tem estado sempre de forma séria na defesa dos madeirenses.