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Artigo de Opinião

Diretor

16/03/2024 08:05

Os discursos políticos das noites eleitorais estão cada vez mais previsíveis. Quase nem precisamos de os ouvir para saber o que dizem os mais votados, os assim-assim e os derrotados. Ganharam todos, todos, todos.

Só que não!

Esta estratégia parece mais do que gasta, está mais batida do que um caminho de terra ‘alcatroada’. À partida, não serve a ninguém.

Só que não!

Esta velha fórmula ainda ajuda a alimentar lideranças e grupos de pequenos poderes. Ainda permite disfarçar erros, mesmo que seja apenas um exercício básico de manipulação da verdade.

E é impressionante vê-los com ar sério como se acreditassem mesmo no que estão a dizer. Ou pior: como se acreditassem que quem os vê acredita no que dizem.

Claro que não!

Convém lembrar que o PSD-Madeira - que está ferido como nunca e enfrenta uma crise totalmente inédita – voltou a ganhar as eleições de domingo passado. Mesmo neste estado, com demissões, um governo de gestão e umas eleições internas em curso, o PSD foi de longe o partido mais votado e até reforçou a votação. E foi o PSD que voltou a eleger três dos seis deputados para a Assembleia da República.

Mas a narrativa da oposição andou entre dois caminhos: a atirar culpas para a onda nacional e a promessa de que estas eleições foram um ensaio, mas nas próximas é que vai ser!

Só que talvez não!

Se o PS não consegue ganhar umas eleições destas numa altura em que o PSD está derreado pela crise interna, então quando é que vai conseguir?

O que leva o PS – e a oposição em geral – a acreditar que da próxima vez será melhor do que esta?

E o mais curioso é que esta estratégia de fazer da derrota uma promessa de vitória não se ficou pela noite eleitoral. Nos dias seguintes, aconteceram mais réplicas desse discurso com as sondagens publicadas no Jornal.

Os resultados revelaram isto:

Que os madeirenses querem eleições antecipadas.

Que o PSD vai voltar a ganhar sem maioria absoluta.

Que Miguel Albuquerque e Rui Barreto baixam na popularidade.

Que mais de metade dos líderes partidários na Madeira tem negativa na avaliação ao desempenho.

Foi isto que o Jornal publicou nos últimos quatro dias.

E o que viu a oposição nestes resultados? Que o PSD está a perder força. Apenas isso.

Estranho é que a oposição não percebe que nem assim se aproxima do poder e que, apesar deste quadro desfavorável, Miguel Albuquerque continua a ser o líder partidário que tem melhor avaliação dos inquiridos.

Este conceito de que todos ganharam um poucochinho é uma ilusão. Até pode servir para consumo interno, para agarrar os militantes, para dar a ideia de que é possível acreditar e que o sonho comanda a vida e outras coisas que tais.

Na verdade, essa retórica serve essencialmente para justificar o quentinho de lugares que se alimentam de pequenos poderes. Por norma, nos principais partidos da oposição, esses grupos são curtos. E se der para o grupo, parece que dá para todos.

Só que não!

Essas pequenas vitórias reclamadas por quase todos mostram apenas uma estreita visão política de quem promete a autoestrada e se contenta com o beco.

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