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Artigo de Opinião

Investigadora

26/05/2024 07:40

Este mês tem sido efectivamente abençoado em festas. Somos muitos a fazer anos sob o véu de Maria e não há dúvida de que somos abonados, nem que seja em bom-humor e predisposição para viver a vida em pleno. É Schopenhauer que diz que não basta sermos felizes, é preciso termos consciência de que o somos. Jantares, lanches, matinés etc. preencheram estes dias de celebração, contentando gregos e troianos. E por falar em gregos, Aristófanes, na sua fábula, advogava que “o melhor de tudo é ter asas a nascer”. Asas não tenho, mas tenho a liberdade de ser o que bem entender. E sou feliz!

Descobri que, por aqui, além da tradicional festa do dia do trabalhador com comes e bebes, a 1 de Maio, era costume fazer-se um boneco de trapos: os Maios e as Maias que se colocavam nas portas da vizinhança. Ora, volta e meia, os rapazes aproveitavam a ocasião para declarar o seu amor por uma donzela casadoira. Reza a história que, lá para os lados do Dragoal, a moça não esteve pelos ajustes e recusou a franca proposta. Vai daí, o rapaz, desiludido, escreveu uns versos plasmando a sua mágoa. Dizia assim:

Isto que trago no peito

É a minha ferramenta

Se não disseres que sim

Mostro-te a minha pimenta.

Saíste pela janela

E eu entrei pela porta

Não me pensava, moça

a seres tão idiota!

E por falar em vivências e memórias, celebrou-se o Dia Internacional das Histórias de Vida no dia 16 e, numa sessão concorrida, falou-se da importância de resgatar vozes pouco ouvidas e preservar as histórias contadas na primeira pessoa, complementando-se, deste modo, a História enquanto disciplina que nos ajuda a melhor entender o mundo. E neste caso em particular, apresentou-se o outro lado do teatro de guerra, trazendo à tona os nomes e os feitos dos soldados portugueses, com particular destaque para os rapazes oriundos do Porto Santo. Poderíamos, e tal como os gregos elaboravam a lista dos 7 Sábios, criar uma para estes homens de carne e osso – heróis esquecidos cujo papel, muitos vezes, invisível e desconhecido, foi, todavia, crucial para o desenrolar dos acontecimentos.

O III Madeira Underwater Open, o Circuito Nacional Águas Abertas e o European Masters de atletismo trouxeram atletas, organizadores, família, amigos e simpatizantes e, de repente, o movimento de gentes e veículos aumentou consideravelmente. Ficou a ganhar o Porto Santo, este santuário que se oferece a quem está disposto a comungar o silêncio e a desvendar uma cartografia única onde a simplicidade abraça a candura. Não é para todos, é o que dizem à boca pequena.

O que é para todos são as lambecas do Sr. Reis que estão quase, quase a abrir. De vários sabores e tamanhos são um verdadeiro ícone do Porto Santo, levando o nome desta ilha primeira por esse mundo além. Quem as prova, jamais as esquece. Mais do que um sabor, falo dos sentidos despertados pelo simples olhar e pelo lamber dos lábios, falo também de pertença e tradição, isto é, falo de identidade. Ao Sr. Reis a minha (nossa) gratidão. Cabe-nos, agora, honrar este legado e claro fazer fila à frente do quiosque mais conhecido da Vila Baleira. E não se esqueçam de que não tendo asas, pelo menos temos boca. Uns santa, outros não, mas isso agora fica para outra ocasião. Bora lá, malta! As lambecas do Sr. Reis são para saborear!

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