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Artigo de Opinião

12/08/2023 08:00

As raízes deste despertar para o papel central dos seres humanos, nomeadamente nas artes plásticas e na literatura, podem ser encontradas nas civilizações clássicas grega e latina, há mais de dois milénios, mas não são exclusivas da bacia mediterrânica. Também no norte da Europa, no subcontinente indiano ou na Ásia, se consegue encontrar a ideia de que o nosso destino não depende exclusivamente de caprichos ou vontades divinas, numa dimensão quase global (para quem faz sentido falar em globalização antes da descoberta da forma da Terra como "globo").

Este novo ideal renascentista e a deslocação do centro do divino para o humano tem um efeito colateral interessante e libertador: a ideia da possibilidade (quando não mesmo do direito) a uma felicidade terrena, em vida, ainda que socialmente mal dividida. A semente, no entanto, germinou, cresceu e floresceu.

Nos séculos XVIII e XIX, os humanismos ganham um novo ímpeto, através do iluminismo e de filósofos como Kant, Rosseau ou o americano Benjamin Franklin. A ideia de razão conhecimento com base na ciência conduzem a uma consciência da nossa capacidade de moldar o mundo e a reformas progressivas (e progressistas) dos sistemas de poder. Os parlamentos ganham, gradualmente, poderes de fiscalização sobre os executivos clássicos (os reis e/ou um seu reduzido grupo de ministros), e as pessoas comuns vão ganhando, lentamente, acesso à escolha dos seus representantes antes de poderem concorrer a representarem-se a si próprias e aos seus concidadãos.

É nesta altura que surgem ideias revolucionárias como a do Estado de Direito, que garante que toda a gente é igual perante a lei; a ideia de liberdade de pensamento e, um pouco mais tarde, a de liberdade de expressão; a ideia de liberdade de associação em torno de ideais ou interesses não exclusivamente profissionais; a ideia de uma economia de mercado livre, aberto e concorrencial. E não menos importante, a ideia de Autonomia, no sentido de nos governarmos a nós próprios e de escolher livremente o nosso futuro.

Todas estas ideias são a base das Democracias Constitucionais mesmo nas sociedades que não têm uma constituição escrita. No entanto, são estas mesmas democracias que hoje estão sob ataque feroz. Um pouco por todo o lado crescem movimentos que propõem o fim do equilíbrio de poderes e do Estado de Direito. Precisamos de estar alerta.

A medida do estado das democracias em que vivemos, do humanismo que nos rodeia, pode ser feito por cada um ou cada uma de nós: Sente que, também aqui, tem de falar mais baixo quando passa um figurão do partido no poder? Acha que, na região, os benefícios calham sempre aos mesmos?

Acha que já era tempo de mudar a Madeira? Escolha outros.

Acha que o seu voto não conta? Que são todos iguais? Engana-se. Experimente mudar.

Mas cuidado: há votos que parecem diferentes, mas deixam os mesmos no poder.

E há um voto que muda a Madeira. Use-o!

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