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Artigo de Opinião

28/08/2025 08:00

A violência, em qualquer forma, deve merecer o repúdio e veemente condenação da sociedade no seu todo.

Mas há, em particular, um tipo de violência, a doméstica, cujos casos recorrentemente tomamos conhecimento. Pelas notícias, pelas redes sociais, por relatos orais.

Em Portugal, a violência doméstica é um flagelo. Em 2024, foram 22 as vítimas de violência doméstica que morreram. Em 2023, outras 22 pessoas foram assassinadas. Em 2022, ocorreram 26 homicídios. A maioria das vítimas são mulheres, registando-se, no total dos três anos, 4 crianças e 6 homens vítimas mortais.

Os dados estatísticos oficiais, recolhidos e divulgados pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, não deixam dúvidas. Existe um problema claro e evidente, para o qual urge encontrar soluções sistémicas, duradouras e capazes de mudar mentalidades.

Os caminhos são vários, devendo indubitavelmente se apostar na educação. Transmitir, desde tenra idade, que a violência não é aceitável, não se tolera. Que o diálogo é sempre a melhor forma de resolver conflitos.

Num mundo cada vez mais individualizado, é fundamental educar para os afetos e potenciar a inteligência emocional. Saber identificar e gerir emoções, para o desenvolvimento de uma criança, é tão importante como aprender o abecedário, a tabuada, ou os reis de Portugal.

É nos mais novos que fazemos a diferença, que invertemos o cenário com que atualmente nos deparamos. É através das novas gerações que se mudam mentalidades.

Confesso, contudo, que os números da violência no namoro preocupam-me e revelam que há muito a fazer nas faixas etárias mais novas. De acordo com o Estudo Nacional de Violência no Namoro de 2025, cerca de 66,3% dos jovens afirmaram já ter experienciado um indicador de violência no namoro. São cerca de dois em cada três jovens que têm, ou já tiveram, relações amorosas.

É por isso que campanhas como a Campanha Regional contra a Violência no Namoro, sob o lema “Que Queres?” ou “Click na Mudança”, são essenciais para a envolvência das crianças e dos jovens, como agentes ativos de mudança junto dos seus pares. Promover a mudança de comportamentos, a não aceitação da violência nas relações, é um dos rumos a seguir.

A razão de escrita deste artigo, tem obviamente ligação direta com o caso mais recente de violência doméstica na Região, que teve uma repercussão sem paralelo até aqui. As redes sociais contribuíram para voltar a colocar este tema na ordem do dia.

Um episódio que só pode gerar revolta e consternação, com a agravante de ser presenciado por um menor de idade, que consta está a ter o devido acompanhamento especializado, assim como a mulher vítima de violência.

Não me querendo debruçar sob o caso em particular, até porque é à Justiça que o compete fazer, espera-se que nesta situação, como em todas as outras, o sistema judicial seja cego, eficaz e célere. E, acima de tudo, que se garanta, pelas entidades competentes, que as vítimas têm a proteção, segurança e apoio necessário. A minha solidariedade para com as vítimas e respetiva família.

Enquanto existir uma única vítima de violência doméstica, mulher, homem ou criança, esta é uma causa para a qual não podemos baixar os braços. Todos temos um papel a desempenhar. Na família, no grupo de amigos, na escola, no trabalho, na vizinhança. A violência não tem lugar na nossa sociedade.

Faço um apelo final: que as vítimas de violência doméstica procurem sempre, logo que possível, ajuda. Nunca estarão sozinhas.

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