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Artigo de Opinião

SIGA FREITAS

9/10/2024 08:00

A semana passada, vimos o Cândido Costa ganhar um Globo de Ouro e uma das frases, que posso considerar emblemática foi quando ele, como é e sempre diz: “estamos a dar isto [Globo de Ouro] agora, se me tivessem dado imediatamente no fim da minha carreira de futebolista, provavelmente tinha sido penhorado.” Confesso que estas palavras, que fizeram a plateia rir, têm, no meu ver, um grande significado para quem as diz, mas deviam ser um alerta para todos os jovens.

Isto é algo que se passa com todos, desde os mais famosos aos menos conhecidos, são exemplos de futebolistas que foram fenómenos, como o Futre, passando por jogadores de que já ninguém se recorda.

As glórias de um atleta, os aplausos, os momentos de êxtase, os luxos da vida jovial, o coração a pulsar para marcar o golo decisivo, os títulos, os empresários que garantem que ele é o melhor e vai lá chegar ou até ultrapassar.

Recentemente, lemos que o Fábio Paim, aquele a quem o Cristiano Ronaldo, alegadamente, terá assumido que seria melhor que ele próprio, sobrevive até em filmes de eros. O que falhou? Tudo!

A verdade é que crianças que vieram de famílias humildes, sem grandes possibilidades, chegam aos grandes palcos do futebol e começam a viver sonhos, alguns sem serem contratos milionários, alguns contratos mais modestos, mas que dão para viver alguns anos.

As histórias de decadência financeira são uma dura lição, muitas das crianças e jovens deixam de estudar cedo, sem saberem fazer outra coisa sem ser jogar futebol. Ainda há anos, cá na Madeira, era vê-los, após terminarem as carreiras no Marítimo, Nacional e o União nos corredores da função pública como contínuos ou algo semelhante. Estes homens, que eram essencialmente na época jovens, eram e são homens bons, que nos levavam a vibrar todas a semanas, a sonhar. Mas qual a razão de não terem, após o futebol, uma vida recheada de sucessos ou ter uma vida suficientemente boa e razoável para si e para os seus?

As histórias de decadência financeira destes homens são uma dura lição. O que fazem os clubes? O que fazem as associações de futebol? O que faz o sindicato dos jogadores? O que fazem os empresários sedentos de expropriar e garantir o seu dízimo no fim do mês? Que vida para além do futebol? Quem organiza um pós-sucesso para os medianos?

Ainda este mês lia outra notícia do jogador Schillaci, que jogou no Palermo e na Lazio que agora é um sem-abrigo. Outro, como Perivaldo, jogador da seleção do Brasil, e que foi sem abrigo em Portugal, teve o apoio do sindicato dos jogadores de Portugal e também do Rio de Janeiro. Conseguiu levá-lo para o Brasil para reencontrar-se com a família.

Os atletas, os jovens, as famílias, mas também os clubes, não basta saber as notas, não basta os resultados desportivos, é necessário a educação e até promover, através de bolsas de estudo, a preparação do seu futuro. O sucesso de futebolista é breve, alguém que recebe milhões e acaba com tostões, pois, no fim da vida destes astros do desporto, o que pretende é conseguir a capacidade de viver dignamente, mesmo quando os aplausos cessam.

Como diria o Iniesta, que terminou a carreira recentemente:

“A carreira de um jogador de futebol é curta, mas a vida depois dela é muito longa. O mais importante é estar preparado para os dois momentos.”

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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