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Artigo de Opinião

19/07/2022 08:00

Nós acabamos por resultar desse caos inicial, mas nunca o aceitamos. Começamos desde dos primórdios a tentar controlá-lo, colocando-o de parte, definindo uma conotação negativa ao mesmo, substituindo-o por uma ordem, com regras, com medo, talvez, de voltarmos a àquele instante e de invariavelmente deixarmos de existir. Então agora vivemos sobre o designo da ordem, não sei bem qual pois as ordens acabaram, elas também, serem vítimas de uma tentativa de controlo, que transformaram-se, por seu turno, em regras.

Estamos, então, agora, presos a regras, mas as minhas regras, neste lado do planeta, são completamente diferentes das mesmas do outro lado do mesmo planeta. O que me leva a pensar, como é que podemos confiar no universo, que nasceu do caos, que sofreu esta metamorfose que queremos impingir, se nem no mesmo planeta as regras são as mesmas?

Morreremos no caos. Depois de já não estarmos cá, voltaremos a ser parte do caos. As nossas partículas, células, voltaram a estar num só com todas as poeiras que nos trouxeram a este universo, fazendo com que nós voltemos a pertencer aos caos de onde viemos. Fecharemos os olhos pela última vez, beijaremos num instante final e daremos o último suspiro, regressando à origem disto tudo, ao caos. Viveremos segundo a ordem instalada, cumpriremos as suas regras, na tentativa de evitar o caos, mas voltaremos sempre a ele. É o ciclo vicioso, e viciado, que não nos permite fugir dele, os dados estão lançados a partir do momento em que começamos a existir e os mesmos dados não serão lançados novamente, a falsa sensação de controlo é nos dada pela ordem e pelas regras, mas foi sempre o caos que as controlou.

Nós somos o caos. Feitos e nascidos dele, somos o fruto desse caos, que criou a ordem, que manipulou as regras, que nos enganou. Nós crescemos no caos, vivemos no caos, e transformo-nos em caos.

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