Deixo-vos uma reflexão, porventura em tom de brincadeira séria, acerca do mundo digital em que "mergulhamos de chapa", abordando de um modo particular alguns seres humanos que nos visitam e que, aparentemente, sabiamente sabichões parecem saber e conhecer tudo o que se passa, existe e acontece pela Ilha. Têm variadíssimos nomes, rótulos, enquadramentos, perfis ou como se quiser apelidar. São "influencers", content creators ou destroyers, youtubers e por aí adiante. Deles há que nem um mês passam na Ilha, às vezes até ficam por cá só uns diazitos e, ainda que assim, já se "empoderam" de legitimidade para escrever, postar, vazar, "declamar" assuntos como: Top 5 cascatas na Madeira, Top 10 caminhadas, Top 10 miradouros imperdíveis para ver lagartixas, Top 50 bananas para comer à beira do calhau, Top 10 percursos para ir de chinelas e ficar com as unhas com terra e etc. Talvez, em contra corrente, se pudesse escrever algures um artigo curto e grosso dos 1567 perfis ou páginas sobre a Madeira para aprender nada, mas ia dar muita maçada e teria de ser profundo o que não se coaduna com tempos de superficialidades.

Isto, na verdade, pode não ter mal algum. É para os likes, é para o enquadramento, para o algoritmo, isto e mais aquilo. Há que respeitar. Acontece também que, este "admirável mundo repetitivo e aborrecido", pode também ser de mau gosto, por exemplo, para locais que sabem que isso não se trata senão de uma mentira. Também pode tornar-se uma armadilha e trapaça para aqueles inocentes que nos visitam e procuram uma experiência distinta e não querem acabar a não jazer em pontos cheios de azáfama e spots Instagramáveis só porque alguém se achou no direito de decidir quais são os lugares Top de uma terra que não conhecem ou só conhecem muito superficialmente.

Mais argumentos e razões poderiam, interminavelmente, ser apontados para que tal fenómeno seja pouco saudável e acertado. Pode se tratar de um erro crasso opinar acerca de um destino/localidade/cultura sem a conhecer em profundidade. Pode ser uma falta de ética, responsabilidade e humildade falar disto ou aquilo sem se saber na realidade se é assim ou não, mesmo que o Top esteja sempre na ponta da língua. Ter audiência ou seguidores, ser figura pública, ser "influenciador" talvez carecesse de mais cautela, mais pensamento, mais outra vez humildade e curiosidade. Quem sabe?

É a Era do copy paste e do viral, a Era do virtual, mesmo que seja uma porcaria e seja só para parecer o que na verdade não é. No caso da Madeira acaba por acontecer certos pontos Top estarem atacados de, como bem disse um fantasma que conheço, "baratas tontas digitais" porque talvez houve os tais sabichões que em tão pouco tempo acharam de assumir que sabem que a Madeira tem 5 caminhadas Top e 10 bananeiras ainda mais Top. Sabichões com consideráveis audiências, mas que a responsabilidade, humildade e curiosidade parecem não abundar. Andam atrás uns dos outros, fazendo as mesmas coisas, tirando as mesmas fotos e "infectando" os que se seguem. Até cascatas sem água já se vende. Qualquer dia sugiro o pessoal do surf a ir dar umas aulas para a Quinta do Santo da Serra. Qual seria o problema já que é só para parecer que é?

Este "atacamento" de gente e mais gente em recantos Top que ninguém jaze pode até ser bom porque liberta outros lugares e actividades para gente que não está para aí virada, mas, por ventura e aventura, algures no futuro, por volta dos anos 30 do Século 23, a Madeira e seus alguns recantos poderão ser referenciados como um marco histórico que dirá assim: "Pelos anos 20 do Século 21, após a Covid-19, a Madeira experienciou um surto de "baratas tontas digitais".

#nãosejasbaratatontadigital #ousê #élácontigo

Perdoem a brincadeira e boas reflexões.

Até…