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Artigo de Opinião

Professor

11/04/2021 08:00

Dizem os entendidos que, em democracia, a insegurança face a situações imprevisíveis consolida a confiança do povo nos seus governantes. Dizem também que o pior vem depois. Que no pós-crise muitos são corridos do lugar pelo voto popular que antes os acarinhava. Há tantos exemplos na História. O mais popular foi Churchill. Uma coisa é o tempo da guerra ou da pandemia, outra coisa, bem diferente, é o tempo da crise financeira, cujas sequelas fazem esquecer tudo o resto. É essa linha temporal que mais conta.

Por isso, ainda é cedo para se cantar de galo. Ainda faltam seis meses. Para estas eleições, o mais importante será o momento exato em que o desassossego com a doença e a vacinação acabar e quando a crise financeira passar para o centro de todas as preocupações, com brutal impacto na comunicação social. Quanto mais tarde acabar a preocupação com a covid, mais fácil será para os atuais autarcas, como para todos os governantes. A nível local, a única visibilidade vai para os pequenos apoios que vão sendo distribuídos aqui ou acolá, para a propalada política de proximidade. Porque os efeitos mais graves da recessão económica ainda só estão no início. Lembre-se o que aconteceu em 2013, depois da vinda da troika. O PSD perdeu sete das onze câmaras que então governava na Região.

Além disso, muitos outros fatores jogam agora a favor dos autarcas em exercício. O momento é particularmente favorável à vida das autarquias madeirenses. O trabalho grosso e sujo foi todo ele feito anteriormente. Em bom tempo. As grandes infraestruturas estão realizadas. Os concelhos estão modernizados e a qualidade de vida local sofreu um salto enorme nas últimas décadas. De tal modo que há autarcas a anunciar que o seu programa para os próximos quatro anos é dar continuidade à tal "política de proximidade". E basta. Não é preciso prometer mais nada. Está tudo feito. Aliás já está tudo feito há muito tempo. Apesar de estar ultrapassado o problema da dívida, há autarcas que se dão ao luxo de dizer que nada vão fazer no próximo mandato, para além de pequenas obras, subsídios e apoios sociais, como se de mais uma junta de freguesia ou de um departamento de solidariedade se tratasse.

E então, como é que fica a oposição? Globalmente mal. E em alguns lugares fica mesmo numa péssima situação. O estado da pandemia ainda não permite a concentração popular em questões para além da covid e não haverá uma campanha eleitoral decente para quem não está no poder.

Além disso, houve quem se preparasse muito mal. O PSD está aqui incluído. Em alguns casos não houve capacidade para construir uma alternativa atempada, credível e mobilizadora em concelhos onde se é oposição. As coisas são tanto mais difíceis quanto menor for a preparação para consegui-lo. A maior responsabilidade vem sempre do topo. Não se pode andar a sortear candidatos. Hoje um, amanhã outro. Sabe-se que o recrutamento de bons e novos quadros partidários começa deveras a complicar-se. Mas há erros, sobejamente referidos e identificados, que persistem em descredibilizar, em alguns concelhos, o partido que mais e melhores provas deu em todas as autarquias da Madeira.

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