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Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

19/10/2022 08:00

Observemos que, partindo do pressuposto que a vida é uma busca de respostas, o ónus da responsabilidade recai sobre as perguntas e a forma como as fizermos, logo este exercício imaginativo que é a nossa vida, é dependente acima de tudo da forma como o exercermos.

Foquemo-nos num aspecto capital, neste mundo material e de capitalismo fundado, a posse.

"Embora possua este universo, nada possuo, pois não posso conhecer o desconhecido, se ao conhecido me agarro" - Robert Fisher

"Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo". Álvaro de Campos - F. Pessoa

Na vida apegamo-nos a tanto, e a mesma só será melhor vivida quando nos libertarmos do peso da posse. Nada possuímos, somos sim parte integrante de um todo, de uma comunhão superior, se quisermos somos uma parte infinitesimal de um organismo superior, cumpre-nos a insignificância significante de cumprirmos um papel confiado, mas não revelado, baseado em respeito, Paz e Amor. Esse papel confiado tem como objectivo último a Felicidade, se quisermos um estado de renúncia espontânea da conveniência própria, e de vivência em relação ao que nos rodeia, uma observação holística, não de co-dependência (que não o deixa de ser em parte) mas de plenitude existencial, que poderá e deverá ser vista enquanto Felicidade, essa "harmonia entre o Homem e a Vida que ele leva" ACamus.

Somos colecionadores natos, colecionamos, coisas, objectos, animais, pessoas, hábitos, é certo que os hábitos nos definem, mas por vezes são vazios e não aportam valor a nossa existência, nem no plano individual nem colectivo, é o deixarmo-nos levar pelo ritual em si, e não pelo seu significado, a sua razão, o seu porquê.

É certo que a vida deverá ter um sentido e um propósito e esse deverá ser superior, elevado, do Bem. Deve aflorar naturalmente de dentro, com vontade e com virtude, isto é, o nosso espírito deverá de forma natural levar à tomada de ações de cariz elevado, de Paz e Amor.

É o homem o seu pior inimigo, ao invés de sonhar alto e elevado, cria a si próprio as grandes dificuldades, e inventa problemas onde eles não existem, qual o problema de a população mundial não aumentar, ou até diminuir? Não existe verdadeiro problema, problema são guerras sem sentido, a fome (a iniquidade suprema), em análise última se tudo de bom que o homem alcançou é sua responsabilidade (com a necessária providência divina) o que de mal o mundo tem obviamente é sua responsabilidade também.

Temos de ser mais leves, perceber da nossa relevância, compreender que estamos de passagem, somos um instante no tempo do universo que conhecemos, então porque perder essa tão breve existência com coisas menores, o apego aqui desempenha um papel negativo, é um lastro que ocupa o espaço do advir, inquinando esse processo, no fundo o apego é o responsável último pela perda de liberdade do homem. RShinyashiki diz "há até quem sinta mais orgulho em mostrar a sua coleção de vinhos do que em saboreá-la".

O apego, não só ocupa espaço físico e mental, limitando o espaço à miríade de possibilidades futuras, como também consome a energia necessária para esta construção contínua que é a vida.

O pior de todos os desperdícios é o desperdício de Vida.

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