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Artigo de Opinião

6/02/2022 03:42

De acordo com o seu Regimento, a meio do mandato é iniciado um novo processo constitutivo, em que elegemos o Presidente, os Vice-Presidentes, os questores do Parlamento Europeu e a constituição das Comissões Parlamentares. Após a infeliz morte de David Sassoli, Roberta Metsola, de Malta, foi eleita Presidente do Parlamento. A última mulher presidente foi há mais de 20 anos, um dado que nos deverá fazer refletir a todos e a todas sobre a igualdade de género e a representação geográfica nos altos cargos das instituições da União Europeia (e não só).

No momento em que vos escrevo, inicia-se assim a segunda parte do mandato dos 705 deputados ao Parlamento Europeu, numa altura em que a União Europeia enfrenta três grandes desafios: o combate à COVID-19 e a resposta às suas consequências sociais e económicas, incluindo a sua recuperação, a ambição de ser líder mundial no combate às alterações climáticas e a transição digital. São desafios enormes numa altura em que teremos à disposição dos 27 Estados-Membros e dos seus 450 milhões de cidadãos o maior pacote financeiro alguma vez disponibilizado, acionado como resposta à maior crise pandémica e consequente crise económica e social dos últimos 100 anos.

Por cá, em Portugal, iniciamos um novo ciclo após tempos conturbados, fruto da interrupção repentina dos trabalhos do Governo após o chumbo do orçamento para 2022. Os portugueses decidiram e confiaram em António Costa para quatro anos de governação num período de grande responsabilidade. Já muito foi escrito sobre a dimensão da maioria absoluta alcançada, mas importa reforçar que este não é um poder absoluto, mas sim uma responsabilidade reforçada, especialmente numa época em que se exige seriedade de todos, a todos os níveis - local, regional, nacional e europeu - para trabalhar e implementar políticas que respondam às reais necessidades dos cidadãos e que não deixem ninguém para trás.

A nível regional, e como Região Ultraperiférica, de acordo com o artigo 349.º do Tratado de Funcionamento da União Europeia, a Madeira é contemplada com um estatuto especial devido às nossas características e especificidades. Numa altura em que trabalhamos e concretizamos a transição digital e climática, regiões como a Madeira e os Açores detêm o potencial de poderem servir como zonas de projetos-piloto nestas duas grandes vertentes, posicionando-nos assim como pioneiros na aplicação de projetos e programas mais ecológicos e sustentáveis. Tomemos o Turismo como exemplo, um sector que representa um quarto da nossa economia e que inevitavelmente terá de acompanhar estas duas transições. Com o conhecimento existente, a Madeira é uma região única e com inquestionável potencial para implementar projetos-piloto no âmbito do Turismo Sustentável, seguindo os exemplos de outras zonas turísticas do globo que já declararam serem neutras em emissões de carbono. Tomemos a dianteira aproveitando as oportunidades únicas que o orçamento a longo prazo da UE e o Mecanismo de Recuperação e Resiliência proporcionar-nos-ão.

Foi com este propósito que apresentei na Comissão Parlamentar de Transportes e Turismo a oportunidade dos eurodeputados visitarem a nossa região e vivenciarem no terreno as nossas dificuldades e oportunidades. De 11 a 13 de abril de 2022, teremos na Madeira uma delegação do Parlamento Europeu em Missão, um repto aceite e que muito nos orgulha. Tornemos esta visita numa oportunidade para demonstrarmos todo o nosso potencial, para afirmarmo-nos no mapa europeu como um destino de turismo sustentável, alinhados com os objetivos da União Europeia de sermos neutros em emissões de carbono em 2050. Mas façamos mais: aproveitemos esta oportunidade para refletir e redirecionar algumas estratégias e opções políticas regionais, ou caso contrário correremos de novo atrás do prejuízo. Temos potencial e temos recursos - mas o planeta não esperará.

Sara Cerdas escreve
ao domingo, de 4 em 4 semanas

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