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Artigo de Opinião

Diretor

30/10/2021 08:10

A quem interessa a travagem a fundo num país que começava a sair de uma crise e acaba de se meter noutra? A quem interessa a instabilidade, a interrupção de uma Legislatura, a convocação de eleições antecipadas?

Interessa ao País? Aos portugueses? Às empresas? Aos trabalhadores? Às famílias? Não. Este clima de crise política interessa essencialmente aos políticos, porque são eles que vivem desses expedientes.

Poderão dizer que o Orçamento do Estado não era bom. E até podem ter razão. Mas de certeza que também não é bom não ter orçamento algum, com as implicações que isso representa e que os portugueses vão começar a sentir já em janeiro.

Depois de uma longa crise pandémica - que ainda não acabou! - a última coisa de que Portugal precisava era de uma crise política. Ainda por cima tão fútil como esta, marcada pelas agendas dos partidos que estão mais interessados em marcar pontos internamente.

Mesmo que esta brincadeira venha a sair cara a alguns dirigentes partidários, é evidente que o extremar de posições constitui uma das melhores formas de tornar fortes os mais fracos líderes. Foi isso que fez Rui Rio, acossado por Paulo Rangel. Foi isso que fez Chicão, atacado por metade do CDS.

A esquerda não fica atrás nesta luta virada para dentro. Catarina Martins percebeu que o Bloco está a perder terreno, Jerónimo de Sousa entendeu que o PCP está a desaparecer. Até António Costa jogou com os mesmos trunfos e sonha agora com a maioria que nunca teve.

Até o Presidente da República alinha na festança. Cheio de poder investido pelo seu segundo e último mandato, Marcelo também fez exigências e ameaçou dissolver a Assembleia em caso de chumbo do Orçamento. Claro que sabia que essas palavras eram um convite ao chumbo.

E nós, por cá, que fizemos? Entrámos na dança com o baile a meio. Mesmo depois de dizer e repetir que o Orçamento do Estado não serve, que o ideal era o Governo cair, também Miguel Albuquerque sonhou com o negócio e repetiu a todo o País a sua disponibilidade para viabilizar o que não presta. Só não aconteceu porque Costa nem quis saber.

O quadro que nos foi dado a ver na última semana mostra que, para a generalidade da classe política, de pouco serve o compromisso para a Legislatura. De pouco vale a ameaça de uma nova vaga da pandemia ou o risco de se desaproveitar o momento de crescimento que começámos agora a experimentar. Nem mesmo a bazuca europeia foi suficiente para travar apetites partidários que vão da esquerda à direita.

Assim se percebe melhor a quem interessa isto. Esta crise política, esta travagem a fundo, este limbo que pode durar meses, interessa aos políticos, não aos portugueses, nem às empresas, nem aos trabalhadores.

É aos políticos que interessa isto.

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