MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Investigador na área da Educação

9/12/2024 07:40

Foi recentemente aprovado, no OE2025, aquilo que ficou designado por 15º mês. De que se trata afinal esta medida e como surge inscrita no Orçamento de Estado e seus efeitos.

O 15º mês diz respeito a iniciativa do Governo da República, que acaba sendo mais restritiva, que aquilo que as entidades patronais pretendiam, já que este “prémio” não pode ultrapassar os 6% do rendimento base anual dos trabalhadores. E tem mais limitações, já que a isenção de impostos só é atribuída se as empresas tiverem aumentado o salário dos seus trabalhadores em 4,7% em termos médios e, simultaneamente, aumentar todos os salários que estão abaixo da média em 4,7%.

Assim sendo, e justamente por estes efeitos, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) não terá ficado particularmente eufórica com a medida já que, na realidade, diga-se, e em abono da verdade, a sua proposta era o pagamento voluntário de um 15º mês isento de contribuições e impostos até ao limite do salário-base auferido do trabalhador, isento de IRS e de contribuições para a Segurança Social. Ora, esta medida, agora aprovada, limita, como se viu, o 15º mês a um máximo de 6% do salário-base do trabalhador, o que reduz muito qualquer desagravamento fiscal em comparação com a proposta das entidades patronais.

Move atualmente o espírito das políticas europeias para o Trabalho, o entendimento de que a garantia dos trabalhadores, na UE, auferirem salários adequados é essencial para assegurar condições de vida e de trabalho dignas. Tudo isto contribui, na senda do espirito de desenvolvimento europeu, para construir economias e sociedades justas e resilientes, de harmonia com a Agenda 2030. A existência de salários adequados é, também, uma componente essencial do modelo europeu de economia social de mercado sendo que a convergência entre os Estados‑membros, neste domínio, deverá contribuir para a promessa de prosperidade partilhada na UE.

Perscrutando a experiência europeia, naquilo que os Estados-membros vêm propugnando, revela-se que a subida dos salários (mínimos e médios) depende muito mais do crescimento da economia e da negociação entre sindicatos, empregadores e Governos na atualização dos salários -onde todos estabelecem critérios estáveis e claros que garantam boas condições de trabalho e dignidade laboral - do que de decretos e medidas legislativas.

O Taxing Wages 2024 (publicação anual da OCDE) indica que Portugal, em 2023, era o 8.º (já foi 10.º em 2021) entre os 38 países membros da Organização com o peso mais elevado da carga fiscal (IRS e contribuições para a Segurança Social pagos pelo trabalhador e pelo empregador) sobre o trabalhador médio, com 42,3%, revelando mesmo uma ligeira subida (de 0,14%) face a 2022/2023.

Hoje, o discurso oficial aponta no sentido do incremento do salário mínimo e no afirmar-se que o salário médio deve acompanhar a evolução daquele.

Não desmerecendo tal opção, que não deve ficar no discurso, parece que olhar para os salários reais é que é absolutamente determinante. É esta, aliás, que permitirá ter uma visão muito clara desta realidade no País.

A carga fiscal que, do lado dos trabalhadores, funciona como um dos fatores da saída do País, começa a ser uma indispensabilidade, que infelizmente os poderes públicos já começam a encarar como normal. Mas, à qual, o Estado tem de inevitavelmente responder.

Urge, mais que nunca, reforçar a importância de criação de políticas que mitiguem, mas com eficácia, o agravamento fiscal -fenómeno, que sabemos, pelo qual a carga fiscal aumenta devido à insuficiente adaptação do sistema fiscal à inflação. Ter, assim, em devida conta o poder de compra dos salários, o custo de vida, os impostos e as prestações sociais, o nível e a distribuição do leque salarial, torna-se determinante.

E, isto, é que é a realidade!

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Qual o valor que gastou ou tenciona gastar em prendas este Natal?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas