MADEIRA Meteorologia

Espécie de cágado julgada desaparecida observada no Rio Sousa em Gondomar

JM-Madeira

JM-Madeira

Data de publicação
29 Março 2023
18:44

Um cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) foi encontrado há cerca de duas semanas no rio Sousa, em Gondomar, num espaço onde não era visto há quatro anos, revelou hoje à Lusa o produtor de documentários sobre a natureza Paulo Ferreira.

Segundo o especialista, trata-se de "uma das duas espécies nativas de cágados" existentes em Portugal e que, segundo os dados fósseis, "habita o planeta há aproximadamente 120 mil anos", distribuindo-se, atualmente, ao longo da Península Ibérica, sudoeste de França e noroeste de África.

"Em Portugal distribui-se ampla e maioritariamente no interior do país e a sul do Tejo, sendo que no litoral, do Mondego para cima, é escasso e apresenta populações pontuais e dispersas", acrescenta.

Paulo Ferreira assinala, por isso, "contarem-se pelos dedos de uma mão, os registos oficiais desta espécie no litoral norte e por ser uma redescoberta no local, depois de quatro anos de ausência".

O exemplar encontrado é uma "fêmea", precisou o especialista - que contou com a colaboração do biólogo Joel Neves para a identificação do cágado, que é normalmente encontrado nas margens dos rios, "geralmente locais de postura, onde pode colocar até 12 ovos num pequeno buraco".

Sublinhando a "extrema importância" da descoberta, explicou à Lusa que esta observação "realça a necessidade e urgência da conservação deste réptil e dos corpos de água onde habitam, os quais se encontram altamente perturbados e ameaçados".

Segundo Paulo Ferreira a espécie possui o estatuto de "não ameaçada", mas o "isolamento desta possível população é um entrave à sua continuidade e ao seu futuro, uma vez que estão mais vulneráveis à extinção local já que indivíduos isolados têm maior dificuldade em se reproduzir e deixar descendência", para além da presença de "espécies invasoras" serem "fatores limitantes à sua sobrevivência".

Neste contexto, alertou, a presença assídua do cágado-da-Florida (Trachemys scripta) ameaça a continuidade deste cágado autóctone, uma vez que competem diretamente por espaço e recursos. Para além disso, as características morfológicas e fisiológicas como o facto de atingirem a maturação sexual muito mais cedo, uma maior taxa de fecundidade, a sua dieta mais generalista e de serem maiores e mais agressivos, facilitam a sua propagação e rápida predominância, sobrepondo-se às espécies autóctone, levando ao seu declínio e até mesmo desaparecimento.

Outras ameaças, elencou, são o lagostim-vermelho-do-Louisiana que se "alimentam dos seus juvenis" e a artificialização das margens, obras de "engenharia que afetam a hidromorfologia das linhas de água, sobre-exploração de recursos hídricos, poluição e descargas de poluentes, bem como a pressão turística sobre zonas húmidas".

LUSA

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda com a entrega do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas