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“Primeiro é preciso pensar que é o candidato de Portugal” defende Maria Luís Albuquerque

Data de publicação
31 Agosto 2024
23:25

A futura comissária Maria Luís Albuquerque pediu hoje que se apoiem os candidatos de Portugal às instituições europeias, e acusou o anterior Governo de não lhe ter dado apoio político para um cargo de supervisão em 2021.

Maria Luís Albuquerque foi hoje a oradora convidada do último jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD, iniciativa de formação política de jovens em que participa pela quarta vez.

Esta foi a primeira intervenção pública da antiga governante desde que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou que Portugal iria indicar o seu nome para o cargo de comissária europeia, escolha que críticas de toda a esquerda, incluindo de várias figuras do PS, que associaram a antiga governante ao período da austeridade e da ‘troika’.

“Se há coisa que o nosso país precisa de se empenhar é em apoiar portugueses para ocuparem posições de maior relevo para instituições europeias (...) É preciso pensar primeiro que é o candidato de Portugal e depois pensar se é o candidato do partido que calha estar ou não do Governo, primeiro é o candidato de Portugal”, defendeu hoje Maria Luís Albuquerque.

A este propósito, deu o seu exemplo pessoal quando, em 2021, concorreu a um cargo para presidir ao supervisor europeu dos mercados e acabou por perder quando a escolha se resumia a três candidatos, depois de um longo processo de seleção.

“Um italiano, uma alemã e uma portuguesa. O impasse arrastou-se por mais de seis meses, porque a Itália e Alemanha tinham uma minoria de bloqueio. Nestas circunstâncias, muitas vezes a solução é ir para o terceiro candidato. Para isso, é preciso ter apoio político e eu não tive”, disse, numa crítica implícita dirigida ao anterior executivo do PS liderado por António Costa, futuro presidente do Conselho Europeu.

Questionada por um dos “alunos” da Universidade de Verão se tem preferência pela uma pasta que irá ocupar na futura Comissão Europeia, respondeu afirmativamente: “Tenho, mas não vou partilhar”, disse.

Vários dos participantes elogiaram a atuação de Maria Luís Albuquerque no Governo 2011-2015 liderado por Pedro Passos Coelho, a quem a antiga governante deixou palavras de elogio.

“Eu diria que o país reconheceu Pedro Passos Coelho: nós ganhámos as eleições em 2015”, disse, numa resposta muito aplaudida pela audiência.

A antiga governante considerou também que “as medidas mais duras, mais impopulares”, mas “mais necessárias à recuperação” no período da “troika” foram tomadas antes de assumir a pasta das Finanças, em 2013.

“O ano de 2012 foi um ‘annus horribilis’”, reconheceu.

Ainda sobre o período em que integrou o Governo de Passos Coelho defendeu que esse executivo “privilegiou sempre o que era melhor para Portugal”, mesmo que não fosse benéfico em termos eleitorais.

“Habituei-me, ao longo destes anos, a olhar para as decisões que tomei tendo em consideração o que sabia no momento em que as tomei. Acerto no Euromilhões todas as sextas-feiras depois das sete da tarde, antes nunca acertei”, ironizou.

Após uma intervenção inicial em que elencou os desafios que se colocam à União Europeia em áreas como o mercado de capitais, o envelhecimento ou a defesa, foi na fase das respostas aos jovens que Maria Luís Albuquerque deixou algumas propostas mais concretas, como a criação de um portal que agrupe as oportunidades para os jovens nas instituições europeias ou de uma estrutura para os ajudar nos processo de candidatura.

A futura comissária elogiou o objetivo traçado pela presidente da Comissão Europeia de ter paridade de género no seu executivo , embora admitindo que pareça dificultado pelas indicações nacionais, e deixou um conselho.

“Homens, não discutam as quotas, pensem no vosso futuro”, afirmou, salientando que nas universidades as mulheres já são largamente maioritárias.

Instada a apontar dois grandes desafios para a União Europeia, escolheu a capacidade de prevenir crises em vez de apenas reagir às mesmas e a necessidade de atuar como um bloco, recorrendo a um exemplo desportivo.

“Nos últimos Jogos Olímpicos, se contarmos os 27 Estados-membros como um todo, a Europa teve 309 medalhas, mais do que os Estados Unidos e a China juntos”, frisou.

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