Um documento enviado pela própria Caixa Geral de Depósitos ao Tribunal do Funchal prova que o banco público concedeu um perdão parcial de dívida a Carlos Pereira, deputado do PS, à sua mulher e mais quatro pessoas, para cobrar uma dívida da BKAT Consulting, empresa declarada insolvente no final de maio de 2015.
O documento, que o CM divulga hoje e que faz a manchete da edição deste sábado, contradiz as versões de Carlos Pereira e da Caixa de que não foi dado um perdão parcial de dívida. É, justamente, uma reclamação da CGD contra a remuneração solicitada pela agente de execução.
"Anteriormente à instauração da ação executiva já haviam sido iniciadas negociações entre a Exequente [CGD] e os Executados, que se prolongaram após a instauração da acção e culminaram com a aprovação, em Março de 2022, de uma solução para liquidação extrajudicial de parte da dívida, com perdão do remanescente", lê-se no documento citado pelo CM.
O valor da dívida era de 181.654 euros e o Tribunal do Funchal notificou o deputado do PS para o pagamento em fevereiro de 2022. Como a empresa não pagou, a CGD avançou para a execução dos valores junto de Carlos Pereira e das restantes cinco pessoas.
No final, a CGD acabou por receber 115.946 euros, ou seja, com o perdão de 66 mil euros da dívida.
Note-se que, esta sexta-feira, Carlos Pereira disse ser "falso que tenha havido incompatibilidade" na sua participação na comissão de inquérito na CGD em 2016 e 2019 ou mesmo favorecimento referente a esse perdão". Já o banco público garantia, igualmente, não ter havido perdão da divida, pois o acordo teria sido efetuado pelo valor que, à data, considerou legalmente devido.
Redação