O Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou hoje que pelo menos 2,4 milhões de quenianos estão em risco de insegurança alimentar até novembro, devido à seca que se vive no norte e leste do país.
Esta projeção do Programa Alimentar Mundial (PAM) é quase três vezes superior aos números do ano passado relativos ao período homólogo. Em 2020 o número era de 852.000 pessoas.
O PAM pede uma urgente mobilização de fundos para ajudar a região.
O Presidente, Uhuru Kenyatta, declarou estado de catástrofe natural em 08 de setembro devido à seca, que já deixou pelo menos 2,1 milhões de pessoas com fome, segundo os dados divulgados pela Autoridade Nacional para a Gestão de Secas (NDMA).
"Este número deverá aumentar para 2,4 milhões de pessoas até novembro de 2021", declarou hoje o PAM à agência de notícias France-Press (AFP).
O Quénia passou por um período de seca extrema em plena estação chuvosa. A falta de chuva entre outubro a dezembro de 2020 e março a maio de 2021 tornou os condados do norte e leste do país particularmente áridos.
"Esta seca vem depois da covid-19, que teve um enorme impacto económico nos meios de subsistência. Vem depois dos gafanhotos, que invadiram parte do país, entre 2019 e 2020, depois das inundações", contextualizou à AFP a representante do PAM no Quénia, Lauren Landis.
"Receio que a próxima estação curta chuvosa, em outubro, também seja má, o que significa que estaremos numa situação extremamente desastrosa", explicou Lauren Landis.
Atualmente, mais de 465.200 crianças com menos de 05 anos e mais de 93.300 mulheres grávidas e lactantes estão gravemente subnutridas nestas regiões áridas.
A escassez de água e de alimentos está a afetar as culturas e o gado, que são as principais fontes de rendimento nestas áreas.
"A seca está a criar um conflito por causa dos recursos", disse Lauren Landis.
"Todos procuram água, todos procuram alimentos para o gado, os agricultores querem cultivar culturas, todos com recursos limitados. Só vai piorar", concluiu a representante do PAM no Quénia.
A Organização das Nações Unidas calcula ser necessário um financiamento de 139 milhões de dólares (cerca de 120 milhões de euros) para ajudar o país nesta escassez alimentar.
Lusa