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Médio Oriente: Borrell diz que EUA “talvez devessem enviar menos armas” para Israel

Data de publicação
01 Setembro 2024
19:53

O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, declarou hoje que os Estados Unidos “talvez devessem enviar menos armas” para Israel, porque em Gaza “estão a morrer por causa das armas” enviadas pelos EUA.

“Há outra guerra, a de Gaza, com 40.000 civis mortos. Ouço muitas vezes os líderes europeus, incluindo até Kamala Harris, dizerem ‘Morreram demasiadas pessoas’. Quantos são demasiados? 40.000 são demasiados?”, disse Borrell, durante um seminário sobre o futuro da Europa na cidade italiana de Ventotene, organizado pelo Instituto Altiero Spinelli de Estudos Federalistas.

A intervenção do chefe da diplomacia europeia surge após a vice-presidente dos EUA e candidata democrata às eleições presidenciais de novembro ter lamentado a duração do conflito no Médio Oriente e as muitas vítimas, sem deixar de manifestar na entrevista à CNN o seu apoio à forma como a administração de Joe Biden tem abordado a guerra em Gaza.

Kamala Harris reafirmou o seu “compromisso inequívoco e firme com a defesa de Israel” e garantiu que não tenciona alterar a política de entrega de armas.

“Se pensam que ‘demasiados mortos é demasiado’, então talvez devessem enviar menos armas (para Israel), porque estas pessoas (em Gaza) estão a morrer por causa das armas que lhes enviam”, acrescentou o líder europeu.

Durante o seu discurso, Borrell também lamentou o facto de os países europeus não terem demonstrado unidade em relação ao conflito em Gaza.

“Não vejo um fim para esta guerra”, disse, sublinhando a sua tristeza: “Temos de nos envolver mais nesta guerra, mas infelizmente não estamos unidos, temos uma visão diferente”.

No seu discurso, o líder da diplomacia europeia reiterou igualmente a necessidade de continuar a apoiar a Ucrânia nos seus esforços de guerra contra a Rússia.

“Quando sou criticado porque peço para continuar a apoiar militarmente a Ucrânia, e aqui em Itália há muitas críticas, a minha pergunta é: o que acontece se eu parar?”, questionou Borrell.

“Trump diz: ‘Tenho a fórmula mágica para acabar com a guerra numa semana’. Eu também tenho. Paro o apoio e a guerra acaba. Mas como? Com a Rússia a despojar Kiev, Zelensky na Sibéria, a derrota dos ucranianos, as tropas russas na fronteira com a Polónia e a Rússia a controlar 40% do trigo mundial”, concluiu.

Josep Borrell disse não acreditar que este cenário possa ser uma solução e apelou novamente à construção de uma Europa “mais unida, mais integrada e com mais recursos comuns”.

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