O Governo sul-africano defendeu hoje a sua intenção de enviar 50 milhões de rands (cerca de 3 milhões de euros) em ajuda humanitária para Cuba, apesar de várias críticas e de uma decisão judicial que contraria a decisão.
Na segunda-feira, a organização não-governamental AfriForum divulgou que este montante, contra o qual havia protestado e interposto uma ação judicial bem-sucedida em março, era apenas o primeiro de várias doações acordadas entre os governos da África do Sul e de Cuba, que no total chegariam aos 350 milhões de rands (cerca de 21 milhões de euros).
Citada pela agência espanhola Efe, a ministra das Relações Internacionais e Cooperação sul-africana Naledi Pandor, declarou à rádio local 702 estar "realmente impressionada com este foco tão intenso sobre Cuba quando há mais iniciativas humanitárias que a África do Sul proporciona a outros países".
Já a Aliança Democrática (AD), principal partido da oposição, remeteu um pedido escrito ao presidente do Comité de Apropriações do parlamento, Sfiso Buthelezi, para que Pandor aí preste declarações sobre a ajuda a Cuba.
Em resposta, a ministra sublinhou que a transferência não se trata de uma injeção financeira, mas sim da doação de material de assistência humanitária adquirido a produtores sul-africanos.
Pandor recordou que Havana está a ter dificuldades em aceder a vários produtos devido ao embargo mantido pelos Estados Unidos, atribuindo as críticas a motivações ideológicas e a um sentimento "anti-cubano", fruto de o país ter um Governo comunista.
Acrescentou ainda que ninguém protestaria se houvesse um ciclone em Moçambique, país vizinho, e a África do Sul enviasse ajuda.
Por fim, Pandor disse ser impraticável que o seu ministério tenha de justificar perante os tribunais qualquer doação que pretenda fazer a outras nações.
A polémica teve origem numa denúncia do AfriForum contra o Governo do Presidente Cyril Ramaphosa, que goza de muito boas relações com o executivo cubano.
Apoiada por outras associações civis, a ONG considerou a doação "absurda", tendo em conta "a grave crise económica" que a África do Sul enfrenta, refletida nos profundos problemas de desigualdade, desemprego e pobreza que a pandemia de covid-19 agravou.
Em março, a juíza Brenda Neukircher deu razão ao AfriForum num processo contra o Governo sul-africano, obrigando-o a suspender a transferência enquanto o caso era analisado pela justiça, o que ainda decorre.
Lusa