MADEIRA Meteorologia

Governo italiano defende a sua política migratória após naufrágio

JM-Madeira

JM-Madeira

Data de publicação
28 Fevereiro 2023
10:23

O Governo italiano defendeu hoje que a lei que limita a atuação de barcos de resgate de migrantes usados por organizações não governamentais (ONG) nada tem que ver naufrágios como aquele que matou mais de 60 pessoas no domingo.

O ministro do Interior, Matteo Piantedosi, afirmou que o decreto das organizações não-governamentais (ONG) "é muito necessário porque, num contexto de crescimento numérico, a percentagem de desembarques nas nossas costas por meios navais das ONG diminuiu consideravelmente e não há relação entre os novos regulamentos e o possível aumento de mortes no mar".

"Aqueles que estabelecem relação entre o naufrágio do Cutro [Steccato di Cutro, na região da Calábria] e o novo regulamento estão a dizer falsidades, ou por desconhecimento ou má-fé, uma vez que é um caminho que as ONG nunca percorreram", disse o ministro, em entrevista publicada hoje no jornal "Corrière della Sera" .

Piantedosi também garantiu que todo o possível foi feito para tentar o resgate, mas as condições do mar eram terríveis.

A embarcação, na qual viajavam, segundo os sobreviventes, cerca de 200 pessoas, partiu-se ao chegar à zona costeira numa altura em que havia forte ondulação e até ao momento foram recuperados 63 corpos e resgatados 82 sobreviventes, principalmente do Afeganistão, Paquistão e Irão.

"Cerca de cem pessoas perderam a vida, embora nunca saibamos o número exato", disse à EFE um porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A primeira-ministra italiana de extrema-direita, Giorgia Meloni, revelou na segunda-feira à noite, numa entrevista televisiva, que tinha enviado uma carta à Comissão Europeia "para que o que foi discutido no último Conselho Europeu possa ser especificado de imediato" e insistiu que era "uma falsidade "que o novo decreto sobre as ONG tenha algo que ver com os que morreram no naufrágio.

O decreto introduz uma série de sanções para organizações humanitárias que não cumpram as regras, como solicitar, imediatamente após um resgate, a atribuição do porto de desembarque e chegar sem demora ao porto indicado pelas autoridades, sem desviar da rota .

Esta regra, juntamente com a atribuição de portos distantes da zona de salvamento, faz com que, à semelhança do que aconteceu no fim de semana, não existam navios humanitários no Mediterrâneo central, embora as ONG não estejam habitualmente na chamada "rota turca".

"Acho que a mensagem deve ser clara: quem foge de uma guerra não deve confiar em traficantes sem escrúpulos, devem ser as políticas responsáveis e solidárias dos Estados que oferecem uma saída para seu drama", acrescentou Piantedosi no "Corriere della Sera".

O ministro tinha assegurado após a tragédia que "o desespero não pode justificar condições de deslocação que ponham em perigo a vida das crianças", declarações que suscitaram polémica e levaram o progressista Partido Democrático (PD) a pedir explicações ao ministro.

"Palavras indignas pronunciadas com uma pomposidade insuportável", disse, por sua vez, o líder do Action, o centrista Carlo Calenda.

A nova secretária-geral do PD, Elly Schlein, assegurou que a tragédia "deve pesar muito na consciência de quem há poucos dias aprovou um decreto que impede salvamentos no mar, quando seriam necessárias vias legais de entrada na Europa".

Edna Baptista

OPINIÃO EM DESTAQUE

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Que efeito terá a candidatura de Jorge Carvalho à CMF?

Enviar Resultados

Mais Lidas

Últimas