Os Estados Unidos anunciaram hoje sanções contra 12 pessoas associadas às táticas violentas e coercivas do Irão em repressão da onda de protestos sociais dentro e fora do país pela morte da jovem Mahsa Amini, há dois anos.
As medidas de hoje são dirigidas contra membros do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, funcionários da Organização Prisional Iraniana e responsáveis por operações letais no estrangeiro.
Num comunicado, o Departamento de Estado norte-americano refere que as medidas foram tomadas em coordenação com a Austrália e Canadá, que também aplicaram esta semana novas sanções contra os responsáveis pelas violações dos direitos humanos no Irão.
Vários dos hoje sancionados, cuja identidade não foi fornecida, são responsáveis por violações dos direitos humanos, ações relacionadas com a morte e repressão violenta de prisioneiros que protestavam contra as suas condições e pelo uso de tortura e agressão sexual contra prisioneiros.
A jovem curda Mahsa Amini, detida pela polícia de costumes iraniana a 13 de setembro de 2022, por alegadamente não estar a usar devidamente o véu islâmico, acabou por morrer três dias depois, a 16 de setembro, ainda sob custódia policial.
Segunda-feira, ao cumprirem-se dois anos sobre a morte de Amini, o Presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, afirmou que a chamada polícia da moralidade “já deveria” ter cessado as atividades.
“A polícia da moralidade continua a incomodar as pessoas?”, respondeu o líder iraniano a um jornalista na primeira conferência de imprensa após a tomada de posse, no final de julho.
“Vou investigar o assunto. Era suposto terem parado”, acrescentou Pezeshkian, que durante a campanha eleitoral das eleições presidenciais de julho deu a entender que, se pudesse, tiraria das ruas a temida Polícia da Moralidade.
O Presidente iraniano respondia a uma jornalista que lhe disse que, para chegar ao local da conferência de imprensa, em Teerão, teve de fazer vários desvios para evitar a força encarregada de fazer cumprir o rigoroso código de vestuário da República Islâmica.
Pouco depois, ainda na mesma conferência de imprensa, outra jornalista levantou a questão da Polícia da Moralidade e do véu, tendo o Presidente afirmado que iria abordar o assunto de forma a “chegar a um compromisso” com a outra parte, numa aparente referência aos setores mais conservadores da política do país islâmico.
A Polícia da Moralidade regressou às ruas do país em meados de abril e voltou a deter as mulheres que não usam o ‘hijab’, que acabam normalmente libertadas depois de assinarem um documento em que se comprometem a usar o véu.