O Centro Europeu de Controlo de Doenças avisou hoje os países europeus que devem intensificar os esforços para combater as ameaças de gripe das aves, numa altura em que subiram os surtos na Europa.
Num guia que divulgou com medidas que os estados devem tomar, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, sigla em inglês) defende que a deteção precoce e prontidão são essenciais para evitar que a gripe das aves se torne uma ameaça maior para a saúde humana.
A gripe das aves está a aumentar entre aves selvagens e explorações avícolas e, desde setembro, foram detetadas mais de 1.400 infeções em pelo menos 26 países europeus, quatro vezes mais do que há um ano e o nível mais alto desde 2016.
Em Portugal, um novo foco de gripe das aves foi detetado no final de novembro, em Torres Vedras, numa capoeira doméstica com gansos, patos, galinhas pintadas e codornizes, fazendo subir o número total de focos para 39 este ano.
A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) tem vindo a alertar que o risco de disseminação da gripe das aves é, neste momento, elevado, e pediu a adoção de medidas de segurança.
“Embora o risco atual para a população europeia seja baixo, a gripe aviária continua a representar uma séria ameaça à saúde pública devido aos surtos generalizados entre animais em toda a Europa”, afirma o chefe do departamento de vírus respiratórios do ECDC, Edoardo Colzani.
O responsável sublinhou a necessidade de garantir que “os sinais de alerta precoce não passem despercebidos” e que “as ações de saúde pública sejam oportunas, coordenadas e eficazes”.
O guia fornece aos países uma estrutura clara e adaptável para se prepararem e responderem de forma rápida à medida que os riscos evoluem, incluindo o risco de transmissão da gripe de animais para humanos.
Inclui uma série de medidas de resposta em saúde pública, desde o reforço da vigilância e dos testes laboratoriais até à garantia da disponibilidade de equipamentos de proteção e à comunicação clara com o público.
No documento, o ECDC destaca também a importância da vigilância genómica, do reforço da capacidade laboratorial e da partilha de dados em tempo real.
As diretrizes deste guia adotam uma abordagem “One Health “ (Uma Única Saúde), reconhecendo que a saúde humana está intimamente ligada à saúde dos animais e do meio ambiente.
A este nível, o ECDC considera que a estreita colaboração entre os serviços veterinários, a agricultura e a saúde pública é essencial para detetar e conter ameaças precocemente e proteger as pessoas em toda a Europa.
O ECDC definiu neste guia 14 cenários com base em fatores epidemiológicos e virológicos específicos, incluindo a origem animal, características de casos em humanos (número e contexto de exposição), sinais de gravidade, definidos com base na eventual adaptação do vírus a mamíferos, resistência antiviral e incompatibilidade com as vacinas pré-pandémicas disponíveis e/ou vírus candidatos a vacinas.
O documento fornece um guia detalhado e uma ferramenta simples em Excel, disponível para ‘download’, para definir e identificar os diferentes cenários com base em “gatilhos precoces”, promovendo transparência e coerência entre os países, e descreve as ações de saúde pública básicas e escalonadas que devem ser implementadas para garantir uma resposta oportuna e eficaz.
O quadro de cenários tem como objetivo orientar ações de saúde pública adequadas, adaptáveis à evolução das evidências científicas e ao contexto epidemiológico em constante mudança.
Para cada cenário, a estrutura propõe ações recomendadas de saúde pública na preparação, vigilância, diagnóstico, investigação e gestão de casos, assim como na coordenação e comunicação da abordagem “One Health” e estudos adicionais que possam ser necessários.