Hoje, Dia Nacional do Mar, a Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM), na atualização da compilação de indicadores estatísticos relacionados com o Mar para a Região Autónoma da Madeira (RAM) indicou que a pesca descarregada diminuiu 25,2% em quantidade e 8,2% em valor no ano passado.

Na análise, a DREM refere que, desde o início da Autonomia, os anos de 1990 a 1998 constituíram o período áureo, com um pico em 1995 (13,8 mil toneladas). Nos anos mais recentes, 2019 posicionou-se como o melhor ano desde 2005 em termos de quantidades e como o melhor de sempre em valor.

Já no que respeita a 2024, os dados fornecidos pela Direção Regional de Pescas (DRP) mostram um decréscimo de 25,2% nas quantidades capturadas de pescado, cifrando-se o total anual em 3,5 mil toneladas. No que se refere ao valor de primeira venda, este caiu 8,2%, com o acumulado anual a rondar os 16,7 milhões de euros.

“Ao longo do período 1976-2024, e por espécie, o atum e similares e o peixe-espada preto têm dividido a primazia. Assim, nos períodos 1976-1978, 1985-1986, 1989-1997 (que coincide com grande parte do período áureo), nos anos 2006, 2009, 2012 e entre 2014 e 2021 a espécie mais capturada foi o atum e similares, enquanto nos restantes anos foi o peixe-espada preto, e que, em 2024, representou 2 299,5 toneladas, constituindo 65,4% do total de peixe pescado na RAM, seguido do atum e similares, que atingiu um total de 885,9 toneladas (25,2%)”, indica.

Mais atenta para o facto de, quando é analisado o valor da pesca descarregada para um período de quase 45 anos, é necessário proceder ao seu deflacionamento, ou seja, remover o efeito da inflação, sendo que 2019 foi considerado, a preços correntes, como o ano em que o valor da pesca descarregada atingiu o valor mais elevado (22,1 milhões de euros), sendo que o exercício de deflacionamento não altera esta conclusão.

A DREM nota, porém, que todos os anos anteriores a 2010 apresentam um valor em termos deflacionados superior a este ano base, tomado como de referência.

Sublinha, ainda, que o valor (não deflacionado) da pesca descarregada, em 2024, se fixou em 16,7 milhões de euros, caindo 8,2% face ao ano precedente, onde, o peixe-espada preto destacou-se com um crescimento significativo de 14,7%, atingindo um valor de 11,4 milhões de euros.

Por sua vez, o atum e similares registou uma quebra de 44,4%, face a 2023, totalizando 3,5 milhões de euros. No que respeita aos pescadores matriculados, os números atuais são muito inferiores aos que existiam no início da Autonomia.

“Apesar da recuperação nos anos 2019, 2020 e 2021, o número de pescadores no final da década de 70 era quase 3 vezes mais alto do que em 2023 (727), o último ano disponível. Este trajeto reflete também a evolução da economia da RAM, que foi progressivamente se especializando no sector terciário em detrimento do sector primário”, refere.

Por outro lado, as quantidades descarregadas de cavala e chicharro apresentaram uma tendência crescente desde o final dos anos 70 até 1997, no primeiro caso, e até 1990, no segundo. A partir destes anos caíram significativamente.

Note-se que a quantidade capturada de cavala e chicharro, em 2019, um ano favorável para a atividade, foi menos de metade do que em 1976.

O atum e similares atingiu as quantidades capturadas mais elevadas nos anos 90, para depois também registar uma redução, atingindo novamente valores significativos entre 2017 e 2019. Em relação ao emblemático peixe-espada preto, as capturas aumentaram de forma consistente até 1998, seguindo-se uma tendência de queda.

No entanto, entre 2017 e 2020, mantiveram-se acima das 2 mil toneladas. Em 2021, registou-se uma queda de 12,3%, seguida de um aumento de 20,6% em 2022, nova descida de 6,2% em 2023 e, finalmente, um crescimento de 8,5% em 2024.

Em relação às embarcações licenciadas para a atividade da pesca, apesar do crescimento registado em 2020, 2021 e 2022, a tendência geral tem sido de queda desde o início da série histórica, em 2006. Nesse ano, havia 145 embarcações licenciadas, número que caiu para 100 em 2022, 96 em 2023 e 95 em 2024.