“A que horas foram acionados os primeiros meios de combate ao incêndio que irrompeu no dia 14 de agosto, na Serra de Água? O fogo iniciou-se, realmente, em ‘zona inacessível aos meios terrestres’?”.
A questão é colocada pelo Juntos Pelo Povo (JPP) que espera respostas céleres para estas questões, “a fim de dissipar dúvidas, clarificar ‘as múltiplas declarações públicas contraditórias’ e perceber a base onde foi montada a tal ‘estratégia de sucesso no combate aos incêndios’, na versão oficial repetida por Miguel Albuquerque”.
A audição parlamentar requerida pelo JPP para ouvir o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e o secretário regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, deverá ocorrer já na próxima semana. Até lá, o partido liderado por Élvio Sousa e o seu Grupo Parlamentar continuam a preparar o debate “ao pormenor para proporcionar uma discussão esclarecida, séria e credível”.
“Temos um dever de compromisso e de verdade para com a população, não contem com nenhum sinal de brandura da parte do JPP”, assume Élvio Sousa. “Houve muita gente a sofrer, faltou sobriedade e sensibilidade, existiram sinais públicos de desorientação, não podemos privar as pessoas de toda a verdade esclarecida, quem diz que correu tudo bem, deve olhar-se ao espelho e fazer um ato de contrição”, preconiza.
Élvio Sousa espera que esta audição parlamentar seja um momento para a Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) “reforçar a credibilidade e o parlamentarismo”, e faz votos para que, no final dos trabalhos, “se tenha estabelecido mudanças profícuas e um conjunto de medidas e alterações capazes de garantir maior segurança, proteção e tranquilidade às pessoas”.
Para dar expressão a esse compromisso com a população, o JPP solicitou a diversas entidades um conjunto alargado de documentos, informações e imagens.
“Esses elementos são cruciais para o esclarecimento cabal da verdade”, afirma, para expressar um pedido: “Ficamos todos a ganhar se formos capazes de contribuir para o esclarecimento escrupuloso dos acontecimentos, sem artifícios nem malabarismos. As pessoas percebem quando estão a ser enganadas, e por isso apelo ao sentido de responsabilidade e celeridade de todas as entidades a quem o JPP requereu documentos e informações”.
O JPP requereu ao Serviço Regional de Proteção Civil “gravação integral (áudio e respetiva transcrição) de todas as comunicações do SIRESP (Operadora da Rede Nacional de Emergência e Segurança) no dia 14 de agosto de 2024, a partir das 09h00 até às 24h00”.
Ao Observatório Meteorológico do Funchal os “boletins, registos e avisos de condições atmosféricas e meteorológicas para a Madeira, desde o dia 9 de agosto até ao dia 26 do mesmo mês, bem como “o boletim de perigo de incêndio rural diário” relativo ao mesmo período de tempo. Por fim, à concessionária de Estradas ViaExpresso da Madeira, S. A. “vídeo da Via Expresso onde seja possível observar a rotunda da Serra de Água, no dia 14 de agosto de 2024, a partir das 09h00 e até às 24h00”.
Os requerimentos seguiram por duas vias: dirigidos diretamente aos referidos organismos e através da ALM. O grande incêndio de agosto, na Região, lavrou durante 12 dias e deixou um rasto de cinco mil hectares de área ardida.